Por Francisco Soares – graduado
em Ciências Sociais pela UFMG.
Boaventura de Souza
Santos é um dos mais nocivos intelectuais da atualidade e é certamente um dos
mais bem-sucedidos disseminadores do irracionalismo burguês (de “esquerda”) na
opinião pública mundial, sobretudo terceiro-mundista. Uma das muitas tarefas urgentes
da luta teórica marxista hoje é demolir as asneiras reacionárias e
irracionalistas que esse acadêmico cúmplice da barbárie capitalista espalha sem
nenhum pudor.
Hoje, o
conceito abstrato, idealista, anti-marxista e, portanto, pró-capitalista de “epistemologias
do Sul” está dominando a produção teórica das Ciências Humanas no Brazil e
contribuindo fortemente com a manipulação ideológica burguesa, ou seja, com a
manipulação que visa deformar a realidade social, negando a existência da luta
de classes, negando a existência do trabalho alienado e explorado e negando a
posição de classe dos indivíduos enquanto momento predominante do
condicionamento da vida humana.
A negação
do trabalho, enquanto momento predominante da produção da vida humana por meio
da ênfase na “epistemologia”, tem por objetivo impedir que a classe
trabalhadora opere na prática a reversão da barbárie à qual está submetida hoje
no mundo, e com isso, fazer com que continue submetida ao poder do capital, ou
seja, ao poder de uma relação social de produção e distribuição irracional e
desumana dos produtos do trabalho que tem por objetivo a auto-expansão de sua
própria irracionalidade e desumanidade.
A
compreensão que Souza Santos tem do marxismo é absolutamente tosca e sobretudo
falsa. Está baseada na ideia de que a luta de classes é somente um tipo ou uma “forma
de luta” entre outras, e mais do que isso: para ele, a luta de classes é uma
forma secundária de luta, pois baseada no "universalismo". Souza
Santos substitui a materialidade da luta de classes pela abstração da luta
entre “epistemologias particularistas do Sul” x “epistemologias universalistas
do Norte”.
A
compreensão falseada e burguesa que Souza Santos tem acerca da luta de classes
levou-o a anunciar em 2010 que a “luta de classes retornou à Europa”. Num misto
de cinismo e cretinismo, o teórico português ignora que a luta de classes nunca
desapareceu, pois sua existência é um dado real e indelével da sociedade
capitalista.
É
necessário que se entenda que a luta de classes é uma condição objetiva posta
pela existência da sociedade de classes, ou seja, de uma sociedade que divide e
opõe os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores. A luta de
classes não é um determinado tipo de luta social, mas uma realidade que se manifesta
na efetiva situação dos homens e mulheres na sociedade real.
Todo ser
humano no mundo de hoje existe dentro de uma determinada situação de classe. O
que o irracionalismo burguês de Souza Santos faz é distorcer a realidade por
meio da ideia de que a consciência é um produto potencialmente livre de amarras
sociais objetivas, ou seja, um produto autônomo que possui uma dinâmica própria
enraizada na dimensão subjetiva ou “epistemológica”, que fragmenta a condição
social em diversas particularidades enraizadas no subjetivismo, na crença, no
mito, e em outras "verdades" particulares onde a afirmação de
diferenças elimina na teoria a totalidade posta objetivamente pela dinâmica
perversa da reprodução da sociedade de classes.
O
irracionalismo burguês de Souza Santos reproduz o irracionalismo do capital e o
fetiche da mercadoria na teoria, e com isso, parte da naturalização das
relações sociais que reproduzem o capital, e apenas vai até a crítica de
opressões particularistas: raciais, étnicas, de gênero, etc. Nada mais adequado
ao capital que manipular os trabalhadores para que eles não saibam que
pertencem objetivamente à classe dos produtores. Quanto mais fragmentada e
individualizada a luta, melhor para a reprodução das relações sociais
capitalistas e logo, para a burguesia.
Pois bem,
que Souza Santos e todos os acadêmicos cúmplices da barbárie capitalista sejam
demolidos pelo marxismo e pela britadeira da razão do trabalho. Abaixo o
irracionalismo!