A filosofia em Hegel

        Georg W. F. Hegel

- 27/8/1770, Stuttgart, Alemanha - 14/11/1831, Berlim, Alemanha​


Nascido na Alemanha, foi o principal expoente do idealismo alemão. Sua obra costuma ser apontada, com frequência, como o ponto culminante do racionalismo. Talvez, nenhum outro pensador tenha conseguido montar, como ele, um sistema filosófico tão completo. Entre suas principais obras estão Fenomenologia do Espírito, Princípios da filosofia do direito e Lições sobre a história da filosofia. 

Para entender a filosofia de Hegel, é conveniente situar alguns pontos básicos a partir dos quais se desenvolve a sua reflexão. O primeiro desses pontos é o entendimento da realidade como Espírito. Esse conceito, desenvolvido a partir da filosofia de Fichte e Schelling, é ampliado ainda mais em Hegel. Entender a realidade como Espírito, de acordo com a filosofia de Hegel, é entendê-la não apenas como substância, mas também como sujeito. Isso significa pensar a realidade como processo, como movimento, e não somente como coisa (substância). 

O pensamento hegeliano é diversificado, cheio de nuances, com uma escrita difícil de ser entendida, mas é preciso ater-nos àquilo que é importante esclarecer: os sistemas filosóficos anteriores a este, tinham tentado estabelecer critérios eternos para que o homem possa saber sobre o mundo. Isto vale para Descartes e Spinoza, Hume a Kant. Filósofos estes que dedicaram suas análises por àquilo que constitui a base de todo conhecimento humano. Entretanto, se dedicaram às premissas atemporais para o conhecimento humano sobre o mundo.




Não podemos separar a filosofia ou o pensamento de seu contexto histórico. Por exemplo, se você em 2000 faz um discurso defendendo a escravidão, na melhor das hipóteses você seria ridicularizado. Mas, 2.500 anos atrás, isso não era absurdo (embora naquela época já houvesse algumas vozes progressistas). Hegel não cai nessa armadilha da irracionalidade. Ele afirma que a consciência deve ser conduzida a um estágio no qual não haja mais a alienação – mas isso deve ser produto do esforço da consciência e não sua negação. Para ele, portanto, a história persegue um objetivo. ¹

Entre Platão e Kant o “espírito do mundo” desenvolveu-se, progrediu-se. Mas Kant não achou que estas “verdades” ficaram pedras irremovíveis à margem de um rio. Seus pensamentos também não são como a derradeira expressão de sabedoria e serão expostos às críticas de gerações póstumas. Kant deu, de um lado, razão aos empíricos e de outro aos racionalistas.

Hegel não quis “moldar” a história a um esquema preestabelecido, podendo derivar este modelo da própria história. Se um progressista e um conservador sentam para tratar de problemas sociais, logo, já surgem divergências. Porem isso não significa que só um está certo, com razão ou o outro está totalmente errado ou equivocado. Se forem perspicazes ao longo da discussão, ambos saberão encontrar argumentos bons para ambos os lados.

Hegel compreende esse movimento do real, ou do Espírito que se realiza, como um movimento que se processa em três momentos: o primeiro, do ser em-si; o segundo, do ser outro ou fora-de-si; e o terceiro, que seria o retorno, do ser para-si. A realidade, para Hegel é um contínuo devir, na qual um momento prepara o outro mas, para que esse outro momento aconteça, o anterior tem de ser negado.

Esses três momentos são comumente chamados de tese, antítese e síntese. Hegel os concebe como um movimento em espiral, ou seja, um movimento circular que não se fecha, pois cada momento final, que seria a síntese, se torna a tese de um movimento posterior de caráter mais avançado.

Compreender a dialética da realidade, segundo Hegel, exige um trabalho árduo da razão, que deve se afastar do entendimento comum e se colocar do ponto de vista do absoluto. Esse caminho da consciência que se afasta do conhecimento comum e se eleva ao saber absoluto é o objeto de reflexão do autor em sua obra Fenomenologia do Espírito. 

PARA HEGEL, SÓ O QUE É RACIONAL É VIÁVEL! ²

Em sua análise, ele atribuiu uma grande importância ao que ele chamou de “forças objetivas”. Com isto ele se refere à família e ao Estado, sendo que para ele, o Estado tem sempre que ser racional. Assim, a razão ou “espírito do mundo” só se tornam visíveis nas relações pessoais. O “espírito do mundo” se conscientiza de si mesmo no indivíduo, onde ele chama de “razão subjetiva”. Depois tal espírito alcança um andar mais elevado, na família e no Estado, aonde chegamos a “razão objetiva”, pois trata de uma relação entre indivíduos. É aí que os comentadores de filosofia costumam tropeçar, pois há um terceiro estágio mais elevado do conhecimento humano: a “razão absoluta”, onde se encontra a Filosofia, e, consequentemente, a razão científica.




Notas:

1)    Uma Breve História da Filosofia, NIGEL, N.


2)    O Mundo de Sophia, Jostein Gaarden.
Wesley Sousa

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