A carência de informações e, de certa forma, até mesmo
desinformações (principalmente nas redes sociais), sobre a República Popular
Democrática da Coréia do Norte (RPDC) leva muitas pessoas (inclusive dentro da
esquerda) a cair na armadilha ideológica, orquestrada de forma a demonizar ou
ridicularizar o país. Se fala em um país totalmente atrasado, arrasado pela
fome e pela violência ditatorial de um líder lunático. Porém, quando analisamos
mais friamente o contexto em que o país se encontra e a sua trajetória,
encontramos uma realidade diferente da caricaturada que estamos acostumados.
A exemplo, Pyongyang é uma cidade limpa, organizada
composta por prédios que combinam uma charmosa arquitetura inspirada nos tempos
soviéticos com um ar futurístico e único, como a torre Ryugyong, além de vários
parques de diversão, escolas e hospitais públicos, avenidas largas e os famosos
monumentos de seus líderes fundadores e símbolos do regime.

Antiguidade
A península coreana, devido a sua posição geográfica,
sempre foi alvo de ambições por parte dos povos asiáticos, sejam chineses,
mongóis, japoneses. Os relatos mais antigos são dos últimos séculos antes da
era cristã, e mostram que várias dinastias chinesas tentaram absorver a
península várias vezes, porém, repelidas. Por volta do século VII, o Rei de
Silla unificou a Coréia com aval político do imperador chinês. Esta relação
monárquica em relação a China durou até o século XX, mas deixando claro a
autonomia coreana em seus próprios assuntos.
Depois da dinastia do Rei Silla, vieram as dinastias
dos Koryo (918-1392) e dos Choson (1392-1910). Desenvolveram um alfabeto
fonético em substituição aos ideogramas chineses além de textos budistas,
desenvolveram astronomia e a geografia.
Sob o comando do Rei Sejong a Coréia viveu um grande
período no início do século XV, mas que também foi marcada por inúmeras
invasões japonesas e manchus, que foram bravamente enfrentadas e vencidas. Mas
estas constantes ameaças fizeram com que a Coréia de voltasse para si.
Influenciada por teóricos budistas e confucionistas criaram uma sociedade
completamente hierarquizada. A elite era formada pelos chamados sanrbans, um misto de latifundiário e juiz.
As mulheres eram subordinadas aos homens e a economia repousava sobre os
camponeses e escravos, outro fato que só mudou com a abolição da escravatura
coreana em 1894.
Invasão Japonesa e a Primeira
Guerra Sino-Japonesa
Para entendermos como se formou
politicamente a estrutura da RPDC, temos de voltar algumas vezes à história.
Em 1876, o Japão ocupou a ilha de Kanghwa, visando disputar ativamente pela influência e pelo
comercio no leste asiático. A Coreia, historicamente aliada da China, mantinha
um envolvimento com a dinastia Qing chinesa, e o Japão, por sua vez, queria
isolar estas duas e tornar a península seu satélite. Se aproveitando da
fragilidade em que se encontrava a China após as Guerras do Ópio e as guerras sino-francesas,
o Japão, intimidando militarmente a Coreia, fez com que a mesma assinasse o
chamado “Tratados Desiguais” que
davam direitos aos japoneses de abrirem a coreia economicamente ao ocidente,
além de fiscalizar suas aguas, controlar o comércio e explorar minérios para
abastecer sua indústria.
Na década de 1880, várias revoltas marcaram um período onde grande parte da produção
alimentícia, da península, principalmente de arroz, era destinada ao Japão. O Japão via na Coréia uma posição estratégica de defesa, e deveria
mantê-la longe de potenciais inimigos. A China interviu, mas o ambiente
instável e com o fortalecimento japonês fez com que eclodisse a primeira guerra
Sino-Japonesa. O Japão saiu vitorioso
e sua influência imperialista sobre a Coreia aumentou.
Outra guerra que influenciou os rumos da península foi
a Russo-Japonesa, que disputavam o
controle da Manchúria. Esta guerra foi importante de várias formas, tanto
enfraquecendo o regime de Nicolau II
e abrindo brechas para a Revolução
Bolchevique como colocando a península coreana sob controle definitivo dos japoneses,
uma vez que o Japão derrotou as
tropas russas em 1905. Com isso, o imperialismo japonês se consolidou de vez. O
exército coreano foi dissolvido e substituído por uma polícia japonesa, e em
1910 foi consolidada em definitivo a anexação da Coréia ao Japão, acabando de
vez com sua independência.
A colonização japonesa trouxe consigo uma contradição dialética, já que, mesmo
trazendo certa modernização, como construção de ferrovias e áreas industriais,
ela trazia consigo também a descriminação
racial contra o povo coreano. Mas claro, como toda colônia, as reformas e
modernizações são justamente para o bem
estar da metrópole, enquanto os trabalhadores coreanos eram explorados dentro de seu próprio pais.
Durante a década de 1920, houve um grande
desenvolvimento na agricultura, visando aumentar ainda mais a produção de
arroz, e na década seguinte, 1930, forte industrialização, principalmente no
norte, com objetivo de fornecer bens de capital às indústrias de defesa
japonesas na guerra contra a China (durante a segunda guerra Sino-Japonesa). Este desenvolvimento tinha como
finalidade, melhorar a vida na metrópole, e trouxe pouquíssimos benefícios para a população coreana. Neste período, a
produção de arroz aumentou muito, e mesmo assim, o consumo deste pelos coreanos
caiu na faixa de 30%, e gerou escassez de comida na península.
Movimentos Revolucionários
Com
a Revolução Bolchevique em 1917 e,
também com influência dos movimentos revolucionários chineses, surgiram na
Coreia seus próprios levantes, em 1919, inicialmente visando sua independência,
ao custo de 7.500 mortos e 45 mil detidos, na contagem dos coreanos.
Houveram algumas conquistas, cedidas pelo japonês após
pressões internacionais, e através da “Bunka
Senji” (Política cultural) ampliou a educação para que chegasse até os
demais coreanos, substituiu o governo completamente militar por um civil e deu
uma liberdade de imprensa maior aos jornais essencialmente coreanos. Cidadãos
coreanos tiveram acesso a universidades e academias militares, podendo até
fazer carreira no Exército da Manchúria, como aconteceu com o futuro ditador da
Coréia do Sul, General Park Chung-hee. Esta pequena abertura foi o suficiente
para que os coreanos conseguissem se organizar, e fez com que surgissem os
primeiros grupos nacionalistas, comunistas e socialistas, de forma exposta ou
clandestina.
Mesmo sob domínio japonês, a china teve uma influência
muito grande politicamente e ideologicamente sobre os coreanos e a aliança
política que tiveram no passado, principalmente durante a dinastia Choson (coreia), aliada da dinastia Ming (china), continuaram contra os
japoneses, mas de maneira indireta. A parte norte da península sempre fora mais
marginalizada política e economicamente, uma vez que as terras cultiváveis
estiveram sempre a sul, contrastando com o nortenho terreno rochoso e
montanhoso, além de serem virtualmente excluídos da cúpula mais alta do
governo. Isto explica sua maior radicalidade e mostra também a divisão já no
século XIX e XX da península, onde o norte concentrava a indústria pesada e
mineração e apenas 16% das terras
cultivaveis, enquanto o sul era responsável direta pelos alimentos e bens
de consumo.
Do outro lado da fronteira, na década de 20, a China
passava por certa instabilidade política e uma polarização ideológica, após um
governo entre a aliança do partido nacionalista chinês e o partido comunista de
MAO. Com a morte do líder do partido nacionalista e a derrota do inimigo
"os senhores da guerra", a china entrou em guerra civil em 1927. Partindo
disso, na década de 30, os japoneses anexaram também a Manchúria.

Em 1937, o Japão lança uma "política de assimilação", impondo aos coreanos o idioma
japonês, com um slogan "Japão e
Coréia soa um só". Além do idioma, a religião e cultura também
deveriam ser impostas pelos japoneses. Esta política ajudou a inflamar ainda
mais os ânimos na península. Mesmo com relações entre coreanos e Chineses,
estes não estavam sob seu domínio, nem da URSS, e visavam primeiramente e
principalmente a libertação da península das mãos dos japoneses, e em 1937
começaram as insurgências contra a polícia japonesa, o que gerou um
contra-ataque por parte dos japoneses.
Mais do que qualquer coisa, naqueles anos, os coreanos
precisavam de uma unidade e identificação nacional. Kim Il Sung foi visto como
um herói nacional na luta
anti-japonesa. Sua figura estava mais atrelada ao ideal nacionalista do que ao
projeto socialista e, além disso, a industrialização bem sucedida da URSS foi
vista com bons olhos pelos nacionalistas coreanos, e fez com que se
identificassem com seus conterrâneos comunistas.
Vem então a Segunda
Guerra Mundial. Durante este período, o Japão explorava ainda mais as riquezas
de sua colônia, necessita e explora ainda mais mão de obra para abastecer sua
indústria militar e de defesa, explora sexualmente as mulheres coreanas (principalmente
para oficiais do exército) e obriga seus colonos ao serviço militar auxiliar. A
península coreana e o nordeste da China se tornam uma praça industrial militar
a serviço japonês, uma posição estratégica, já que estaria imune à um ataque ao
território japonês.
Com a rendição alemã na Europa, o Japão foi o último a
se render. E fez isso após a URSS derrotarem os japonese em agosto de 45, na
parte continental do oriente asiático, simultaneamente com as bombas atômicas
americanas na ilha japonesa nas cidades de Hiroshima
e Nagasaki.
Um mês depois, no dia 6 de setembro, os comitês
revolucionários da península proclamaram a republica popular. Dois dias depois,
as forças americanas de ocupação desceram em Inchon, o porto de Seul, no dia 8
de setembro de 1945, desfazendo comitês.
Com o norte ocupado pelos soviéticos e o sul pelos
americanos, e em um acordo entre os soviéticos e americanos foi traçado uma
divisão no paralelo 38 por dois coronéis americanos. Linha
escolhida unilateralmente pelos EUA poucos dias antes. Entra então a figura de Sygman
havia vivido 20 anos de sua vida nos EUA e foi escolhido a dedo pelos
americanos. Era anticomunista e anti-japones, o que não impediu os EUA de
manterem unidades politicas pro-japonesas no sul do paralelo 38.
No norte, permaneceu a Republica Popular sob comando de Kim Il Sung, que combateu ao lado
dos soviéticos na segunda guerra e teve participação no PCCh (Partido Comunista
Chinês). O norte ainda contou com os comitês populares que não foram
dissolvidos pelos ocupantes (URSS), diferente do ocorrido ao sul, onde os
americanos haviam proibido.
Entre os anos de 1945 e 1946, o norte foi amplamente
influenciado pelos comitês, mas em 1947, a influencia soviética já era marcante
por conta de um governo provisório. Os laços entre a parte setentrional da Coreia
e a China ganharam forca no último ano da década, após a saída dos soviéticos.
Como avalia o historiador americano Bruce Cumings [1997], a Coréia se
assemelhava a Iugoslávia e a Romênia no bloco leste europeu, que
conseguia manter uma identidade nacionalista, diferente de outros países do Pacto de Varsóvia. Também diferente
de alguns estados do leste europeu, a Coréia do Norte nunca teve um comando
central soviético, e o governo provisório fazia uma espécie de governo misto
junto aos comitês populares, que agora contavam com os ex exilados comunistas
que retornavam após o fim da guerra e derrota japonesa. Em contrapartida, os
americanos tinham total autoridade
sob o território sul da península.
Em 1945 o partido comunista coreano foi reinaugurado,
unindo os Leninistas ortodoxos com
os nacionalistas com uma proposta de coalizão política ampla para reunificar o
país. O partido começou a eliminar os vestígios feudais e coloniais da
estrutura do pais, e a união entre a libertação nacional e a revolução proletária
criaram uma espécie de nacionalismo proletário,
e portanto, a Coréia seguiu um pouco mais de perto o Maoísmo do que o Leninismo
soviético, exceto pelo tomada de decisões, que
diferente do Maoísmo, Kim Il Sung achava que a tomada de decisões
deveria vir de cima para baixo, como na URSS, e mesmo sendo populista, não
tinha os exageros espontâneos da China revolucionaria.
O partido comunista coreano e o Novo partido Popular
coreano, cujos membros lutaram na revolução
chinesa, se uniram, formando o chamado Partido
do Trabalho da Coreia (PTCN). Com o tratado de Moscou, que daria certo
controle do país para os soviéticos gerou revolta por parte dos nacionalistas, e
com a prisão do líder do movimento nacionalista conservador Cho Man Sik, Kim convocou uma
conferência com os membros dos principais partidos coreanos, e por unanimidade,
conseguiu implantar uma administração central de governo em 1946, com o nome de
Comitê Popular Provisório da Coreia do
Norte (CPPCN).
Após eleições, o PTCN teve grande maioria, e Kim
passou a pôr em pratica seu regime, começando com perseguições aos cristãos e
outras entidades políticas. Este início também foi marcado pela reforma agraria
e assim consolidação do regime, de forma que, ao contrário da China e outros
países que fizeram reformas agrarias sangrentas, a Coréia do Norte deu aos
latifundiários a opção de fugir para o sul ou se mudarem para outra província e
receber a mesma quantia de terras que os outros agricultores. Então, no dia 9
de setembro de 1948, é proclamada a República
Popular Democrática da Coréia, três semanas após o sul ter se declarado
como República da Coréia, e Kim Il
Sung declarado primeiro-ministro, e assim, a URSS retirou suas tropas no final
de 1948.
O sul, durante este período também realizou
perseguições aos grupos de esquerda e aos comunistas e eliminando centros
alternativos de poder. Sob o comando de Syngman
Rhee, o sul foi responsável pelo Massacre
das Ligas Bodo, que é desde 2008 considerado como crime de guerra, onde morreram entre 100 mil e 200 mil pessoas
entre comunistas, simpatizantes ou adversários políticos de Rhee.Como escreve Cumings (1997):
Nem o Norte nem o Sul tiveram
escrúpulos na hora de utilizar a violência para fins políticos, mas o norte
tendeu a ser mais seletivo, em parte, em razão de seus inimigos serem classes e
grupos numericamente pequenos e, em parte, por causa de sua prática política,
cultivada talvez na experiência política da liderança coreana junto ao
comunismo chinês, do qual aprendeu técnicas de reeducação e reforma dos
dissidentes políticos.
A proclamação da RPDC também serviu de resposta à
proclamação do sul em República Coreana, fato que não agradou o Norte, que,
como um movimento revolucionário anti-imperialista
não admitia que uma República Coreana fosse proclamada pelos EUA. Portanto, a
RPDC nasce também com a ideia de unificação, que, devido às circunstancias, só
seria possível pela força. Mas o sul também estava disposto à guerra, mas em
uma guerra internacional, já que não tinha nem as bases sociais nem militares
para tal.
Em primeiro de outubro de 1949, Mao Tse-Tung e seu exército revolucionário, com ajuda indispensável
de soldados coreanos do chamado “exército
voluntario”, triunfaram na China, e foi proclamada a República Popular da
China. Após a vitória de Mao, milhares de soldados que lutaram ao lado dos
chineses regressaram a Coreia, trazendo consigo influencias chinesas que,
apesar do apoio material soviético no Exército Popular da Coréia, tiveram uma
relação mais intima e pessoal do que material, e após a retirada das tropas
soviéticas da Coréia, esses veteranos ocupariam as lideranças do EPC.
A ajuda militar por parte da RPDC à Revolução Chinesa
já demonstrava certa autonomia em
relação aos soviéticos, e que não eram fantoches seguindo ordens.
Consolidação do Socialismo
Com a implantação do CPPCN, em 1946, se sucederam
várias transformações na parte norte. O governo socialista começou com reformas
democráticas que incluíam reforma agrária, igualdade de gênero e nacionalização
das industrias mais importantes. A reforma agrária era talvez a pauta mais
fundamental para a implementação de uma economia planificada, distribuindo a
terra de colaboradores japoneses, “traidores nacionais” e de latifundiários com
mais de 2,45 acres, aos camponeses, o que fez com que o governo e o socialismo
coreano ganhassem importante apoio popular. Vale destacar que já em 1945,
segundo Charles K. Armstrong, após a derrota japonesa vários comitês
populares já realizavam, de certa forma, uma reforma agraria, na qual 70% da
produção ficava com quem produzia (antes era apenas 40%, e dentro destes, a
grande parte era revertida para cobrir despesas, o que havia deixado o
campesinato na miséria). Com a reforma, cerca de 700 mil famílias
camponesas receberam terras. Outro ponto importantíssimo da reforma agrária foi
que, com a separação pelo paralelo 38 não
mais correspondia à divisão do trabalho de antes, onde o norte industrial ficou
sem o acesso aos alimentos e o sul sem acesso à energia e matéria-prima,
como destaca Daniel Schwekendiek.
Outro passo importante foi a nacionalização das
industrias, que se encontravam em situação precária, tanto por sabotagem
japonesa após a derrota quanto como recompensa aos soviéticos em primeira
instância. Nacionalizar foi relativamente simples, já que mais de 90% das
industrias eram japonesas e o processo pouco afetou os coreanos, assim, mais de
mil empresas se tornaram estatais. A RPDC recebeu um forte apoio soviético, com
o envio de técnicos (que estavam em falta até aquele momento na península),
matéria-prima, combustíveis e maquinário. Como explica o Prof. Paulo F. Visentini (UFRGS), a produção mais que triplicou entre 1946 e 1949, com os setores de
maior crescimento abarcando a construção civil, as têxteis, a metalúrgica, o
maquinário, mineração e carvão. Além disso, o desenvolvimento industrial foi
favorecido pelos recursos naturais e pelo potencial hidrográfico do norte.
Após as reformas (e durante elas), a economia
socialista coreana se assemelhava à soviética, com base de planos a longo prazo
e centralização da agricultura e indústria. Os planos anuais de 1947 e 1948
visaram a nacionalização da economia e aumento da produção de bens. Em 1949 e
50, com um plano bianual para aumentar a coletivização da indústria, houveram
grandes avanços: O percentual de crianças
que frequentavam a escola subiu de 42% para 72%, a produção de ferro subiu de 6
mil para 166 mil toneladas, a produção de bens de consumo quase triplicou. Além
disso, desenvolviam-se as cooperativas agrícolas e artesanais, de forma que o
Estado e as cooperativas controlavam 56,6% do comercio. (Visentini)
A Guerra
Os anos de 1948 e 1949 foram agitados na península, principalmente
na recém criada parte sul. As ações americanas de eliminar os comitês populares
já haviam causado revoltas em 1946 (Rebelião
da colheita do Outono) e ao passo em que os soviéticos deixavam o norte, o
número de guerrilhas aumentava no sul. Após atos de contra insurgência, os
guerrilheiros passaram a operar nas montanhas próximas do paralelo 38, e
passaram a ter influência direta do norte. Durante o ano de 1949, inúmeros conflitos aconteceram próximo
à fronteira norte-sul, ao passo que os norte-americanos aumentavam o armamento sul coreano e os veteranos da revolução
chinesa regressavam ao norte. Ao fim do ano, na iminência da guerra, Rhee
sofrera uma derrota na Assembleia Nacional, além de ter de lidar agora com a
também comunista, China.
Na iminência da guerra, tanto Rhee quanto Kim buscavam
apoio de suas potências aliadas. A península já vivia uma guerra civil desde
1948 e devido às conjunturas geopolíticas da época, com a formação da Alemanha Oriental e da OTAN, a consolidação da URSS como potência
nuclear, o Japão ainda em processo de reconstrução após a guerra, Mao achou que
EUA não iriam a guerra, já que não interviram em função dos nacionalistas.
Stalin concordou (não ordenou) com os planos de Kim, de uma guerra rápida,
aproveitando o momento frágil de Rhee, e que o sul ainda possuía uma esquerda
ainda organizada. Kim queria uma ação rápida de reunificação, antes que Rhee
pudesse organizar um exército (contava com o dobro da população do norte) e
antes que os comitês populares fossem esmagados de vez pelas perseguições. Rhee
em contrapartida desejava também o conflito para firmar seus planos interna e
externamente, contando com apoio de Chang
Kai Shek (influente nacionalista chinês).
Os historiadores, como Bruce Cumings, Chae Jin Lee
e outros contestam as versões de ambos os lados, culpando o outro pela guerra,
e alegam que a guerra foi decorrência de
causas múltiplas, com responsabilidades imputadas a todos os atores envolvidos,
não apenas os internos, mas tambem externos, como EUA e URSS, embora as duas
superpotências não tivessem interesse em um conflito direto.
A guerra tem como início oficial o dia 25 de junho de
1950, em uma região oeste do paralelo 38. O EPC conseguiu impor importantes baixas nas divisões do Exército da
República da Coréia (sul) e seguiram com blindados em direção ao Seul. Os EUA e
a ONU (que havia boicotado o
ingresso da República Popular da China), através da Resolução 85, decidiram enviar tropas para o sul, enquanto Stalin
deixou claro que sua intenção era permanecer a margem do conflito, ordenando
que seus navios retornassem à zona defensiva.
O EPC
conseguiu em apenas dois meses de conflito conquistar Seul e encurralar as tropas da ONU.
Durante este tempo, reviveu os comitês populares, distribuiu terra e conquistou
também o clamor popular, que os viam como libertadores. Cumings destaca ainda:
Os Norte Coreanos lutavam em todas
as frentes: lutavam de maneira convencional, lutavam uma guerra de guerrilha,
lutavam uma guerra política através dos Comitês Populares e lutavam pela
reforma agrária. Em outros termos, esta foi também uma guerra popular.
Foi então que os norte-americanos enviaram seus fuzileiros navais até Seul, em outubro
do mesmo ano, e forçaram um recuo do EPC até as montanhas do paralelo 38. Até
aquele momento, a guerra havia ceifado poucas vidas, e o massacre só começou a
partir da invasão américa, custando mais de 4 milhões de vidas. Os EUA avançaram até o norte do paralelo, e
encontraram pouca resistência. As tropas americanas, junto das sul-coreanas,
tomaram a capital Pyongyang e acobertaram
um massacre estimado entre 50 e 90
mil civis, praticados pela polícia sul coreana e milícias de “organizações
juvenis” de extrema direita.
![]() |
Wonsan, Coréia do Norte - 1951 |
Os norte coreanos haviam recuado até a montanhosa
fronteira com a China, com o objetivo de atrair as tropas da ONU para uma
guerra de guerrilhas. Com o avanço americano até a fronteira do Rio Yalu, a
China entrou no conflito, já que via o avanço americano como uma ameaça ao
recém estabelecido governo comunista, além de solidariedade para com os
coreanos, aliados poucos anos antes. A combinação sino-coreana começa então a
descer as montanhas, empurrando os soldados americanos até o paralelo 38. A
URSS faz sua aparição com os aviões a jato, contra-atacando os jatos
americanos. Esta nova ofensiva comunista empurrava os americanos até o paralelo
37, e também reconquistavam Seul. A contraofensiva americana ficou famosa na Operação Killer, utilizando de Napalm e até ameaçando utilizar bombas nucleares, mesmo no território
sul, não mais considerado território aliado.
As bombas nucleares por pouco não foram utilizadas, e
chegaram até a estarem disponíveis na base de Okinawa [link], mas os EUA
preferiram aumentar a utilização de Napalm
em plantações, colinas e aldeias, devastando toda forma de recursos com que
os norte coreanos pudessem contar. Os EUA chegaram a destruir barragens,
inundando aldeias e plantações, de modo a gerar fome generalizada.
"[o PCC] decidiu enviar uma
parte de nossas tropas, sob o nome de Voluntários Chineses, para lutar contra
os americanos e as forças de [Syngman] Rhee na Coréia e para ajudar os nossos
camaradas coreanos. [...] Nós pensamos que este é um passo necessário, porque
se permitirmos que a Coréia seja ocupada pelos norte-americanos, as forças
revolucionárias coreanas serão completamente destruídas. Veremos então os
invasores americanos mais desenfreados, o que será muito desfavorável para todo
o Oriente." (Telegrama de Mao
para Stálin em Outubro de 1950).
Os EUA então, recuperaram Seul, e após inúmeras
reviravoltas em torno do paralelo 38, a guerra alcançou um impasse. Nenhum lado conseguia mais avançar com sucesso, e o
processo de paz começou a ser
tratado em 1951. A guerra ainda continuava, e diversas vezes os acordos pela
paz eram interrompidos, até que em 17 de
julho de 1953, foi assinado o armistício,
o qual ficou tratado que as tropas de cada lado deveriam permanecer a 2km do
paralelo 38, criando assim uma área de 4km entre si, a chamada Zona Desmilitarizada (DMZ).
Mesmo tendo lançado mais bombas que em toda segunda
guerra, os EUA não haviam vencido a guerra. Os EUA então, passaram a investir
na reconstrução do Japão e criaram uma zona militar na Coréia do Sul, com
ogivas nucleares inclusas. A URSS tinha agora sua zona de influência no leste asiático,
e fornecia apenas ajuda econômica à RPDC, já que militarmente, esta ajuda
provinha da China que, retirava suas tropas em 1958, e mantém o apoio a RPDC,
que ocupa agora, mais do que nunca, uma área importante entre um Estado-militar
pró-americano e suas fronteiras.
O socialismo pós-guerra e a Coréia
hoje
Após o armistício, o sul comandado por Rhee entrava em
uma ditadura militar anticomunista,
que durou até 1960, quando foi deposto por tentar quebrar o armistício. No norte, Kim consolidou-se como
primeiro-ministro e teve sucesso muito maior no processo de reconstrução do que
o sul.
O término da guerra com o armistício, e nunca ter se
encerrado de vez, implicou em consequências que são sentidas até os dias
atuais, e explica o Estado altamente militarizado do país. O país contava com
imenso sistema de tuneis e abrigos subterrâneos (mais de 15 mil) de defesa
contra ataques nucleares, e o investimento militar também visava assegurar a
autonomia norte coreana.
Com o trauma da guerra (com a destruição quase que
completa de infraestrutura do país) e as tensões externas, a RPDC hoje possui
mais de 23 milhões de habitantes, dentre os quais 1 milhão formam seu exército e outros 7 milhões estão na reserva,
além de que a população adulta em geral tem certo treinamento militar. A
guerra, de certa forma, fez com que a aplicação de uma economia planificada
fosse relativamente mais simples, e o processo de reconstrução do país, que
contou com ajuda soviética e chinesa, mas foi feita com muito suor coreano, foi
fundamental para criar na população um sentimento
de importância e identificação com o regime (algo um pouco semelhante, dada
as devidas proporções é claro, à identificação da população cubana e sua
revolução).
A situação para a RPDC também era delicada por conta
das divergências políticas entre seus dois maiores padrinhos, China e URSS. A
direção entre os dois gigantes começou a divergir a partir do 20º Congresso do
Partido Comunista soviético, em 1956. Desta forma, a Coréia teve de aprender a
lidar com ambas, mas se alinhando mais a China que a URSS (porém, sem tomar
partido), devido à postura diplomática adotada pela URSS em relação ao
ocidente, além de que suas atenções estavam voltadas ao leste europeu. Foi
nesse cenário que se desenvolve o socialismo Zuche (ou Juche), que tinha como prezava pela autoconfiança,
independência e, mesmo necessitando de apoio para se defender da ameaça ao sul,
sabia que o seu triunfo viria de seu próprio desenvolvimento.
Quanto à economia coreana, Cumings diz:
A Coreia do Norte oferece o melhor
exemplo de retiro consciente do sistema mundial capitalista no mundo
pós-colonial em desenvolvimento, bem como uma tentativa séria de construção de
uma economia independente, autônoma; como resultado, observamos, hoje, à
economia industrial mais autárquica do mundo. [Mas] a Coreia do Norte nunca
permaneceu ociosa, sempre avançou. Esta foi uma retirada com desenvolvimento e
uma retirada para o desenvolvimento. A autossuficiência foi, ademais,
autossuficiência em relação ao bloco soviético, porém com menos perseverança:
[ela] recebeu grande quantidade de ajuda econômica e assistência técnica da
URSS e da China (ainda que longe do que recebeu o Sul dos EUA e do Japão).
(Visintini & Pereira, Analúcia – 181)
No final da década de 1950, a Coréia do Norte visava a
autossuficiência alimentícia e, para tal, melhorou e aplicou melhores técnicas
de irrigação, eletricidade, mecanização e química. Neste período, a
eletricidade chegou a 92,1% das aldeias e mais de 62% das casas camponesas
(Visentini). Com a URSS ajudando na reconstrução industrial e a China com
suprimentos, a ajuda externa chegou a 60% do orçamento da RPDC, e após a
completa implantação do socialismo, sua produção alcançou os mesmos níveis que
atingira antes da destruição pela guerra, atingindo um crescimento industrial
de 41,7% (Cumings). O investimento estatal nas grandes industrias seria
essencial para o socialismo Zuche, uma vez que estas industrias seriam as que
garantiriam sua autossuficiência e independência. Entre 1957 e 1960, sua
produção industrial mais que triplicou. Durante a primeira metade da década de
60, segundo Schwekendiek, comparando dados de pesquisadores e órgãos sul coreanos,
a RPDC crescia a taxas de 25% a 35% ao ano, chegando a 37% em 1967.
Na década de 1970, outra mudança política estratégica
abalou a situação coreana com as potências. O alinhamento da China com os EUA,
na chamada diplomacia Ping-Pong, depois
que Mao recebeu o presidente Nixom em Pequim, em um esforço para barra os
soviéticos pela Ásia. A China se torna
membro permanente do Conselho de Segurança da ONU em 1971. A ONU, vale lembrar,
era tida como uma organização de influência norte americana, que ameaçava a
existência dos sistemas socialistas. Veio então o período de Gorbachev a frente da URSS e a Perestroika e o início da abertura
econômica soviética. A URSS passa a dialogar com a Coréia do Sul, após as
políticas Nordpolitik (política sul
coreana que pretendia alcançar os aliados norte coreanos), o que tinha efeitos
positivos para a economia sul coreana, enquanto o Norte acabava cada vez mais
isolado.
Com o alinhamento econômico da China e a abertura para
o mundo capitalista da URSS, a Coréia do Norte teve de buscar alguma forma de
convívio com os EUA, Japão e Coréia do Sul, de forma a evitar seu completo
isolamento e um eventual colapso, e ambas as Coreias entraram na ONU em 1991.
Em meio a isso tudo, morre Kim Il Sung, em 1994, sendo substituído por seu
filho, Kim Jong Il, dentro de uma estabilidade institucional que já vinha sendo
preparada havia tempo (Visentini), e o apoio chinês foi essencial para que tudo
permanecesse estável. Foi também durante este período que duas enchentes
gigantescas e uma seca provocaram uma crise alimentar no norte, sendo
necessária a ajuda internacional. Com o colapso da URSS a Coreia do Norte
perdera o fornecimento de petróleo subsidiado, de insumos para suas fábricas de
fertilizantes e cimento e peças de reposição para os maquinários. Assim, a
agricultura e a indústria sofreram drástica redução. E a China agora só vendia
a preço de mercado e em moeda conversível (Visentini).
Foi neste novo governo que o Zuche sofreu algumas
mudanças, devido as novas realidades regional e internacional. O governo de Kim
Jong Il lança então o chamado Songun (“Forças
armadas em primeiro lugar”) como nova estratégia nacional, o que incluía a
barganha nuclear. Durante algum tempo, nos mandatos de Clinton e com moderados
em Seul, houveram uma certa colaboração na península o que mudou com Bush,
militarizando ainda mais o sul, durante os atos de “terrorismo” (11 de setembro
de 2001, por exemplo).
Durante a administração Bush, a questão nuclear passou
a ser explorada ainda mais. O regime de Kim Jong Il desejava um acordo
bilateral com os EUA, de forma a garantir sua segurança e recursos econômicos
(como fim de sanções) para que a Coréia pudesse melhorar sua esfera produtiva e
se manter viva (embora não houvessem indícios de um colapso iminente). Como
destaca Visentini em um artigo junto de Analúcia Pereira:
Apesar de tudo, nos anos 2000, a
Coreia do Norte conseguiu amenizar a crise econômica e garantir a continuidade
do regime. Já no plano externo, a recuperação se deveu, especialmente, aos
investimentos chineses, à aproximação econômica com a Coreia do Sul – com o
estabelecimento da Zona Industrial de Kaesong (ZIK), em 2002, e com a criação
de Zonas Econômicas Especiais (ZEE) ao longo da fronteira –, e à barganha
política com os EUA acerca de seu programa nuclear – sobretudo após o Acordo
Quadro de 1994 e a criação das Six Party Talks, em 2003.
Com as tentativas de reformas monetárias, em um vai e
vem com sua economia planificada, a Coréia sofreu sanções mais pesadas após
seus testes balísticos e nucleares no final da década de 2000. Porém, a China,
que até aquele momento vinha sendo ambígua, ora fornecedora de subsídios ora
pressionando para o fim do projeto nuclear, voltou a estreitar relações com a
RPDC em 2010.
Em 2011, ocorre a segunda sucessão de líder
norte-coreano, e Kim Jong Un assume o governo. Isto ocorreu após uma
reestruturação do Partido e com a revisão da Constituição de 1998. Kim Jong Un,
assim que assumiu, colocou em prática suas políticas, se mostrando um líder
diferente de seu pai e mais parecido a seu avô, Kim Il Sung, com maiores
aparições públicas, maior participação no Partido e seu interesse pelo
desenvolvimento econômico do país. O novo líder, agora Marechal da República,
teve grande sucesso no processo de transição de governos, o que ajudou a
consolidar sua posse, com grande apoio dentro das instituições.
O governo de Kim Jong Un também é importante por definir
os limites entre as atuações das forças armadas e do Partido, onde militares
desenvolvem atividades militares e civis às civis, uma revisão do modelo
Songun.
Kim Jong Un começou a transformar a
fisionomia da RPDC. Nos últimos anos, grandes projetos públicos nos setores de
educação, saúde e lazer, por exemplo, transformam-se em realidade em questão de
meses. O governo definiu a agricultura, a construção pública e o campo de ciência
e tecnologia como prioridades. Tais definições refletem, em parte, o regime de
sanções, que não atingiram nenhum de seus objetivos até o momento, pois o
regime norte-coreano não dá sinais de esgotamento, tampouco impediram o
desenvolvimento dos programas nuclear e de misseis. (Visentini)
A RPDC voltou a crescer na última década com Kim Jong
Un, com algum recuo de mercado privado e conciliando poderio militar com os
interesses da população. A RDPC busca o patamar de potência nuclear, satélites
e misseis para assim, diminuir os custos militares, já que um exército defasado
seria mais caro modernizar e pouco adiantaria em combate o que possibilitaria
realocar recursos para outras áreas.
Com Kim Jong Un, existem esforços para melhorar a vida
cotidiana da população, mesmo com os embargos, com modernização das escolas e
hospitais, parques de diversão, e aumento no consumo, além de manter ao sul, as
chamadas Joint Ventures entre estatais do norte e setores privados do
sul. No norte, um porto conectado a China e a Rússia contem empresas de
outros países. Em meio aos prédios com ares soviéticos, a modernização vem
chegando e celulares e computadores tem se espalhado cada vez mais, sendo
possível a navegação utilizando de sua rede interna (intranet).
Apesar das tensões militares, a população vive bem. Mesmo
na zona rural, menos favorecida, as pessoas ainda têm acesso à educação e a saúde,
e levam uma vida saudável. A uma tentativa de sair do isolamento, que é muito
mais por forças externas do que internas ao país, o que obriga-o a uma resposta
equivalente por razoes de segurança.
As figuras e o culto as personalidades faz parte da
RPDC, mas não se difere muito do culto as monarquias europeias por
"trazerem estabilidade política", e que o brasil repete se certa
forma. Por outro lado, as tensões militares externas dão um reforço extra a situação,
e na identificacao popular com uma figura responsável pela continuidade para
que não existam crises sucessórias (como é recorrente no mundo capitalista,
como exemplo, a Argentina de Macri, o Brasil de Temer. Exemplos não faltam), o
que seria fatal para a autonomia do país.
A figura do líder expressa muito mais uma espécie de
unidade nacional do que o ídolo em si. Sua autonomia como estado é motivo de
orgulho, e identidade nacional sem se curvarem nem mesmo a China, e sua postura
perante as grandes potências deixa isso evidente. Mas devemos entender esta
personalidade norte coreana em suas origens históricas, como os traços asiatico-confucianos,
dinastia Choson 1392-1910, patriarcal, hierárquica com reverencia paternal e de
respeito aos mais velhos e reis, e se isolou após invasões mongóis e japonesas,
e não como resultado do socialismo. (Visentini)
Conclusão
Muito se fala sobre a Coréia do Norte, porém sua
Revolução é muito pouco conhecida. Sua posição geográfica diz muito sobre a
situação do país, suas influências chinesas e confucionistas durante os séculos
anteriores à Revolução também nos ensinam muito, e nos ajudam a entender a
complexa península. As invasões japonesas forjaram um forte sentimento
anticolonial e anti-imperialista nos coreanos (até mesmo no sul), e a busca por
uma unidade nacional e autossuficiência foram, talvez, a parte mais marcante de
toda trajetória norte coreana.
Fala-se de um país dominado por líderes malucos, com
desejo de destruição, quando na verdade, se trata, muito mais de se manter
firme em uma posição difícil em um mundo globalizado e ideologicamente
contrário, do que a falsa analogia.
O armamento nuclear, hoje, mais do que nunca, faz com
que a posição da RPDC altere a um patamar acima e, agora, pode se sentar à mesa
de negociações com o que barganhar. Obter a tranquilidade na questão defensiva
também significa uma melhor distribuição de recursos internos, uma vez que o
projeto nuclear e militar consome muito de seus escassos recursos, que agora
podem ser alocados em outras áreas necessitarias.
Espero que este texto ajude a desmistificar certos
aspectos fantasiosos sobre o país, e que fomente o debate sobre a geopolítica e
as implicações globais imperialistas do capitalismo.
Referências Bibliográficas:
ARMSTRONG, Charles K. – North Korea’s Revolution (1945-1950)
CUMINGS, Bruce – Korean’s
place on the sun - 1997
CUMINGS, Bruce – North Korea
SCHWEKENDIEK, Daniel - A
Socioeconomic History of North Korea (2011)
VISENTINI, Paulo G.; PEREIRA, Analucia; MELCHIONNA,
Helena – A Revolução Coreana, o desconhecido socialismo Zuche - 2015
VISENTINI, Paulo & PEREIRA, Analucia - A discreta
transição da Coreia do Norte: diplomacia de risco e modernização sem reforma
MANNARINO, Giovanni & DOURADO, Lauter – A China e
a Guerra na Coréia (1950-1953)