Diplomatas alemãs condecoram o magnata Henry Ford com a mais alta condecoração do Reich nazi, a Grã-cruz da Águia Alemã, em Detroit, a 30 de Julho de 1938.
Título original: A ascensão do nazismo aos ombros do capital
Por António Abreu
Extraído do site AbrilAbril
Data 09 de Março de 2020.
Esta revisitação dos factos essenciais pretende, por um lado, contribuir para impedir que os que querem reescrever a História fiquem
sozinhos eliminando a nossa memória colectiva e, por outro, contribuir para o
entendimento das causas da Segunda Guerra Mundial, de como ela se desenrolou,
quem foram os principais protagonistas da contenção da agressão e do volte-face
até à derrota dos nazi-fascistas, da Alemanha e de outros países europeus, e
dos militaristas japoneses.
Por isso começamos por sustentar que os crimes nazis não foram
apenas actos de tresloucados. Eles foram essencialmente uma
expressão do extremo a que podem ir os interesses de classes dominantes, o
fanatismo político que alimentaram, que tiveram várias expressões como o
anticomunismo ou a falta de respeito dos direitos das minorias, fossem elas
étnicas, religiosas ou nacionais.
Os nazis chegaram ao poder na década
de 1930, numa situação de crise económica e social que o grande capital alemão
usou contra o movimento sindical, os comunistas e os judeus.
No plano externo elegeu a URSS como o
grande inimigo a abater e grande território a conquistar para expansão do mercado
alemão.
A vitória democrática de 8 de Maio de
1945 custou perdas humanas e materiais terríveis, mas o nazi-fascismo e o
militarismo foram derrotados.
Durante
as quatro décadas seguintes ao final do conflito, a humanidade viveu um equilíbrio precário, baseado na corrida aos
armamentos, mas foi nesses anos que, simultaneamente: progrediram as bases
técnicas e cientificas do desenvolvimento; os direitos dos trabalhadores e uma
maior efectividade no exercício dos direitos humanos; se contiveram disputas nacionais;
se ensaiaram soluções de respeito pelos direitos das minorias; e foi
praticamente eliminado o colonialismo, com a consequente proclamação de
independência de muitos novos países.
Depois
da derrota do campo socialista a «nova ordem» internacional,
hoje, é bem mais perigosa. Ao desenvolvimento das posições da extrema direita,
somam-se fundamentalismos diversos resultantes de longos processos
colonialistas e de humilhação nacional, as grandes potencias intervêm
militarmente como entendem, os trabalhadores perdem direitos fundamentais, o
controlo mediático dos comportamentos atinge níveis preocupantes, a violência é
banalizada, a insegurança cresce nas cidades, as políticas antissociais e a
corrupção nas camadas dirigentes afastam muitos cidadãos da vida política,
desenvolvem-se fenómenos de indiferença.
Por isso, nos 75 anos depois da Vitória,
importa continuar a dar força ao sentido de dignidade do Homem, lutando contra
a exploração, por melhores condições de vida, de educação e saúde, pela
cultura, pelos sentimentos humanistas, pela participação dos cidadãos para que
a democracia não regrida e, pelo contrário, se amplie e aprofunde.
As origens do conflito
Nos finais do século XIX o mundo
estava divido. A política colonial então levada a cabo completou a tomada das
terras não ocupadas no nosso planeta. No futuro só seriam possíveis
transferências de um «dono» para outro.
A
primeira guerra de repartição começou em 1914 e chegou ao fim com os tratados
de paz de 1918 e 1919.
Opuseram-se a Tríplice Entente (Reino
Unido, França, Sérvia e Império Russo) e os Impérios Centrais, (Alemanha e
Áustria-Hungria). No final da guerra, a Tríplice Entente sai vitoriosa, e as
potências centrais foram derrotadas e tiveram de pagar por todos os prejuízos
da guerra, na chamada «Paz dos Vencedores». Na Conferência de Paz de Paris foi
assinado o Tratado de Versalhes, que obrigou as nações derrotadas,
principalmente a recém-formada República de Weimar, alemã, a arcar com pesadas
indemnizações, o que contribuiu para provocar uma séria crise económica e
política interna.
A área de rivalidade
principal e mais aguda situava-se no Sudeste da Europa e no Próximo Oriente,
incluindo o Mediterrâneo Oriental, criando problemas e ambições internacionais
que envolveram todas as potências europeias.
Por outro lado,
existiam as aspirações das nacionalidades oprimidas da região balcânica, que
desejavam independência nacional e criação de novos Estados.
As duas maiores
potências não europeias, os Estados Unidos e Japão, também foram arrastadas na
voragem da guerra, que só chegou ao fim com o colapso da resistência
austro-húngara e alemã.
A Rússia
soviética decretou a paz, depois do envolvimento do Império Russo com a parte
dos contendores que viriam a ser vitoriosos. Significativo foi o primeiro decreto
soviético ter sido o Decreto da Paz. Os seus soldados, tendo passado longo
sofrimento, regressariam às suas famílias, às suas terras.
O
tratado de paz de Versalhes foi dominado pela Inglaterra e pela França. A sua
criação residiu na vontade dos países vencedores da Primeira Guerra
Mundial refazerem o mapa da Europa, obterem novos mercados e novas fontes de
matérias primas, novas possessões e colónias e pretenderem, também,
alargar as suas esferas de influência.
Importantes
áreas produtoras de matérias primas, a leste e oeste da Alemanha, foram dadas a
uma Polónia restabelecida, à França e à Bélgica. A Alemanha renunciou a todas
as suas colónias, que seriam administradas por potências indicadas pela
Sociedade das Nações.
As forças
armadas alemãs ficaram reduzidas a um exército profissional de 100 mil homens.
A Alemanha
comprometeu-se a reparar os danos entregando aos aliados, entre outras coisas,
quase toda a sua frota comercial e perdendo a sua armada.
O Império
Austro-Húngaro foi reduzido a um anel de novos Estados, estabelecidos no
Sudeste e Leste da Europa, para isolar a União Soviética e agir como contrapeso
de um possível ressurgimento alemão.
A Alemanha
perdeu a Alsácia-Lorena, Poznam, a Prússia Ocidental e Memel. O Schleswig, a
Prússia Polaca e a Alta Silésia veriam a sua sorte decidida por via
plebiscitária.
O Sarre ficou
sobre administração da Sociedade das Nações durante 15 anos e as suas minas de
carvão tornaram-se propriedade francesa.
Os EUA e o
Reino Unido garantiram assistência à França em caso de agressão.
Em
1919 e 1920 vários tratados complementares do Tratado de Versalhes foram
assinados, concretizando a supremacia aliada sobre a Áustria, a Hungria,
a Bulgária e a Turquia, através do desmembramento dos impérios turco e
austro-húngaro.
Do
ponto de vista da estrutura política mundial, os resultados da Primeira Grande
Guerra de partilha podem ser resumidos da seguinte forma: 1) o poderio germânico
foi temporariamente esmagado e o seu império colonial tomado pelas nações
vitoriosas, principalmente Inglaterra e França; 2) a Áustria-Hungria foi
eliminada do cenário político 3) Os Estados Unidos surgiram como a nação do
mundo mais forte economicamente; 4) a Itália e o Japão, embora do lado dos
vencedores, viram as suas ambições imperiais frustradas; 5) a Rússia deu inicio
à sua tentativa de construir a primeira sociedade socialista do mundo.
A formação da
Sociedade das Nações era uma das propostas do documento dos «14 pontos»,
apresentado pelo presidente dos EUA, Woodrow Wilson, em Janeiro de 1918. Previa
nomeadamente o direito dos povos à autodeterminação, a renúncia à diplomacia
secreta e à guerra para resolver os problemas entre Estados, a limitação dos
armamentos, a liberdade dos mares e da economia mundial, limitações às
reivindicações coloniais e a criação de novas fronteiras na Europa, que se
revelaram dificilmente conciliáveis com o carácter de rapina dos acordos
resultantes da Primeira Grande Guerra Mundial.
No período em
que a Sociedade das Nações efectivamente funcionou (de 1920 a 1938), apesar de
coleccionar alguns êxitos – nomeadamente o Pacto Briand-Kellog de Agosto de
1928 no qual 15 nações, entre elas a Alemanha, renunciaram à guerra como forma
de solução para os conflitos internacionais –, acabou por falhar rotundamente a
sua acção pela paz e pelo desarmamento, assistindo impotente às agressões
japonesa na Manchúria (1931) e italiana na Abissínia (1935), à intervenção
fascista em Espanha e às acções nazis preparatórias da Segunda Guerra Mundial.
A Sociedade das Nações seria dissolvida em 1947, depois da sua acção ter sido
confiada à Organização das Nações Unidas (ONU) no ano anterior.
Em 1921 e 1922, os Acordos
de Washington completaram a partilha do mundo estabelecendo a divisão da zona
do Pacífico, através de convenções como:
1. a convenção naval:
fixação da importância naval das cinco potências, EUA, Reino Unido, Japão,
França e Itália;
2. a convenção das
quatro potências: EUA, Reino Unido, França e Japão, que estabeleceram a
repartição do Pacífico;
3. a convenção das nove
potências: garantida independência da China.
4. O tratado de Chang-Tong,
pelo qual o Japão devolveu à China os territórios por si ocupados e retirou as
suas tropas da Sibéria.
A
disposição básica da segunda guerra de repartição já era perceptível nos
resultados da primeira. As nações que tinham ficado de fora da primeira
partilha (casos da Alemanha, da Itália e do Japão) começaram a preparar-se para
uma segunda.
A campanha
começou realmente com a invasão da Manchúria pelo Japão, em 1931, e continuou
com a absorção da Etiópia pela Itália (1935), com a guerra civil espanhola
(1936), a continuação da invasão da China pelo Japão (1937) e, finalmente, a
série de agressões alemãs directas no continente europeu, iniciada com a
ocupação da Áustria em 1938.
A ascensão dos nazis
Ninguém diria a
1 de Abril de 1920, data em que foi formado o Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães1, que este
minúsculo partido viria a governar a Alemanha e que o seu líder, Adolfo Hitler,
viria a tornar-se o ditador mais sangrento da história contemporânea.
O Partido Nazi,
como ficou conhecido, foi no início apenas mais um partido cujos objectivos
consistiam na recusa do Tratado de Versalhes e na vingança pela humilhação
sofrida pela Alemanha após a derrota na primeira Guerra Mundial. O seu discurso
ideológico era uma miscelânea de nacionalismo exacerbado e de anti-comunismo
visceral. Outra característica que o Partido Nazi evidenciou foi a
militarização de grande parte da sua organização, que se agrupava nas chamadas
secções de Assalto (SA), grupos de arruaceiros que, além de garantirem a
segurança dos comícios nazis, intervinham violentamente contra os comícios de
outros partidos, nomeadamente do partido comunista.
O símbolo
adoptado pelo novo partido foi a cruz suástica, que viria a transformar-se no
sinal da opressão e terror nazis.
A ascensão de
Hitler foi lenta, mas consolidou-se ao longo dos anos, à custa de grandes
apoios financeiros à sua causa.
Em Novembro de 1923,
Hitler, cujo partido crescera entretanto, ensaiou um golpe na Baviera que ficou
conhecido como o «Putsch
da Cervejaria». Embora tendo falhado o golpe que o levou à
prisão, foi libertado ao fim de nove meses, acto que confirmou as simpatias e
conivências que já existiam, a alto nível no estado, com o futuro ditador.
Na prisão,
Hitler escreveu parte daquele que viria a ser o livro-base do pensamento
nazi: Mein Kampf (A Minha Luta).
Nesse livro
Hitler explanou as teses que viriam a transformar-se na filosofia de acção do
Estado nazi. Todas essas teses seriam postas em prática com impressionante
rigor durante o período em que os nazis dominaram grande parte da Europa.
Ao
aproximar-se o final da década de 20, o dinheiro começou a afluir ao Partido
nazi,
proveniente de alguns industriais bávaros e renanos que apreciavam a forma
contundente como Hitler se opunha aos sindicatos e aos marxistas. Contudo,
apesar desses apoios, os nazis sofreram um revés eleitoral em 1928.
Com a grande
depressão económica, a produção alemã caiu 50% entre 1929 e 1932. As falências
das empresas sucederam-se aos milhares e os desempregados atingiram os seis
milhões nos finais de 1930. A
miséria e a fome grassavam na Alemanha.
Nas eleições de
1930 Hitler conseguiu um resultado completamente inesperado, que transformou os
nazis em segunda força política na Alemanha.
Os apoios à
causa nazi aumentaram.
Nas eleições presidenciais
de 1932, à segunda volta, o marechal Hindenburgo, símbolo vivo da moribunda
república de Weimar, venceu Hitler que duplicara a sua votação em dois anos.
A 31 de Julho
de 1932, os cidadãos da Alemanha foram chamados às urnas para a eleição dos
membros do parlamento alemão, o Reichstag. Tratavam-se de eleições antecipadas,
convocadas pelo presidente Hindenburgo para resolver a crise política então
existente, que resultava de um impasse no parlamento que impedia a formação de
uma maioria e, por consequência, de um governo estável. O governo em funções
caiu, precisamente, por não ter apoio parlamentar. A composição do Reichtag
reflectia o crescimento das duas grandes forças antagónicas nos extremos do
espectro político, o partido nazi e o partido comunista. O principal resultado
destas eleições foi a vitória expressiva do Partido Nazi, que duplicou a sua
base de apoio, passando de 18 para 37% dos votos e de 107 para 230 deputados,
em relação às eleições anteriores de 1930. Era agora o maior partido na
Alemanha, mas não dispunha de maioria absoluta.
Neste
período, além dos apoios de capitalistas
alemães, Hitler passou a beneficiar do apoio de várias multinacionais.
Quando Hitler subiu ao poder, «os industriais não falavam uma língua só», diz
Jonathan Wiesen. Mas a maioria estava feliz de apoiar nazistas em vez de
comunistas, e de dar suporte a um movimento político que prometia limitar,
senão esmagar, o crescente poder dos trabalhadores organizados.
A pequena e
média burguesia tinham-se passado em massa para os nazis.
Goering,
o mais próximo colaborador de Hitler, foi eleito presidente do Reichstag. Hitler exigia a chefia
do governo e criava um ambiente de terror e de pró-guerra civil com as suas
Secções de Assalto.
Hindenburgo
negava todo o poder a Hitler e aconselhava-o a formar um governo de coligação,
que ele recusou. Perante o impasse foram convocadas novas eleições em Novembro,
que redundaram num recuo dos nazis. Os comunistas continuaram a subir e os
sociais-democratas a baixar, mas estes recusaram qualquer entendimento com os
comunistas para deterem os nazis.
Em
30 de Janeiro de 1933, Hindenburgo acabou por nomear Hitler como Chanceler,
iniciando-se assim o período mais negro da história da Alemanha.
Os nazis
incendiaram o Reichstag para disso acusarem os comunistas e justificarem a
feroz repressão que se seguiu.
A nível mundial
davam-se os primeiros indícios da repartição do mundo.
O Japão foi a
primeira potência a lançar-se no caminho de revisão do sistema de Versalhes –
Washington. Em
1936 Japão e Alemanha firmaram o Pacto Anti-Komintern, a que a Itália fascista
aderiu um ano mais tarde. Em 1937 os japoneses lançaram-se abertamente na
tentativa de dominar completamente a China.
A conquista da
Etiópia pela Itália, em 3 de Outubro de 1935, foi consequência directa da
política de conivência com o agressor por parte do Reino Unido, da França e dos
EUA.
Assim, em 7 de
Janeiro de 1935, era assinado em Roma, entre o primeiro ministro francês Pierre
Laval e Mussolini, o acordo franco-italiano de partilha de esferas de influência em África,
que deixava aos fascistas italiano mãos livres para a invasão da Etiópia.
Em 31 de
Agosto, a Câmara dos Representantes e o Senado norte-americanos aprovaram a
célebre «política de neutralidade» que, proibindo o fornecimento de armas a
países beligerantes, de facto privou a Etiópia de se defender, enquanto a
Itália continuava a fornecer-se no mercado norte-americano.
Embora a URSS
tivesse apelado para medidas especiais que impedissem a agressão, tal foi
recusado pela França, Reino Unido e outros Membros da Sociedade das Nações.
A
«política de apaziguamento» da França e do Reino Unido, em relação à Alemanha
nazi, consistiu numa série de cedências e falta de resposta militar às
escaladas de sucessivas agressões e provocações expansionistas do nazismo
alemão, nos anos imediatamente anteriores ao desencadear da Segunda Guerra
Mundial (1936-1939).
O apoio aos nazis de grandes empresas e multinacionais
Algumas das
mais importantes empresas, alemãs e multinacionais, que apoiaram os nazis:
IG
Farben -
A empresa gigante envolveu-se fortemente com os nazis e inventou o Zyklon-B, o
gás usado nos campos da morte. A IG Farben constituiu-se num grupo que incluía
a BASF, a Bayer e a Hoescht.
BASF - Aproveitamento dos
prisioneiros dos campos de concentração como mão-de-obra escrava nas suas
fábricas de tintas.
Bayer - A multinacional
farmacêutica beneficiou voluntariamente do nazismo e dos campos de concentração
para testar os seus medicamentos. No início dos anos 30, doou 400 mil marcos a
Adolf Hitler e ao Partido Nazi.
IBM - Com o apoio da IBM
e das suas filiais, os nazis exploraram a tecnologia de cartões perfurados para
gerir a sua máquina de guerra e para identificar, localizar e destruir todos os
que se lhe opunham, incluindo na «gestão» automatizada para acelerar as seis
fases dos 12 anos de Holocausto, e a rapidez e eficácia da blitzkrieg.
Krupp - No Tribunal de
Nuremberg, 12 pessoas foram condenadas, inclusive Alfred Krupp. Em 1999, a
empresa fundiu-se com a outra grande siderúrgica alemã, formando a ThyssenKrupp.
Nos anos 2010, a Siemens começou a pagar indenizações às famílias de seus
operários escravizados.
General
Electric -
Em colaboração com a Krupp, alemã, a americana General Electric, de forma
intencionada e artificial, subiu o preço do carbeto de tungstênio, um material
de vital importância para os metais das máquinas necessárias para a guerra.
Ainda que só lhe tenha sido aplicada, depois da guerra, uma multa de 36 mil
dólares no total, a General Electric ganhou cerca de 1,5 milhões de dólares com
essa fraude só em 1936, dificultando o esforço para ganhar a guerra e
aumentando o custo para derrotar os nazis.
Coca-Cola - Do gosto dos
alemães nas décadas anteriores ao conflito, a Coca-Cola da Alemanha, durante a
guerra, não conseguia importar os ingredientes necessários para a produzir. E
então decidiram fabricar um novo refrigerante com o que tinham à mão. Assim
nasceu a Fanta.
Nestlé – Fornecimento de
chocolates para os militares alemães, com milhares de escravos nas suas linhas
de produção.
Dr.
Oetkmer -
Participou no fundo de compensação por trabalho forçado, uma organização de
empresas alemãs que assumiu a responsabilidade por trabalhos forçados durante a
Segunda Guerra Mundial, e roubou muitas peças de arte valiosas.
Ford - Henry Ford era bem
conhecido pela sua luta antissemita e anticomunista. A fábrica alemã da Ford
produziu um terço dos camiões militares utilizados pelo exército alemão durante
a guerra, realizando muito do trabalho com prisioneiros. O que resulta ainda
mais surpreendente é que a Ford forçou o trabalho de mão-de-obra em 1940,
quando o braço americano da companhia ainda tinha pleno controlo das
instalações na Alemanha.
BMW – Usou 30 mil
trabalhadores, prisioneiros de guerra, trabalhadores escravos e presos dos
campos de concentração, na produção dos motores para a Luftwaffe. A BMW,
centrada unicamente nos aviões e motocicletas durante a guerra, trabalhava
apenas como fornecedora da maquinaria de guerra dos nazis.
Volkswagen - Com a guerra, a
produção de carros civis deixou de ser uma prioridade da Volkswagen e
dedicou-se ao fabrico de armamentos também. Em 1940, chegaram 300 polacas, as
primeiras trabalhadoras forçadas do local. E a Volkswagen passou a basear
grande parte de sua mão-de-obra no trabalho forçado, entre prisioneiros de
guerra, civis estrangeiros e prisioneiros dos campos de concentração. Em 1944,
11 334 das 17 365 pessoas que trabalhavam na fábrica eram trabalhadores
forçados de diferentes nacionalidades.
Daimler-Benz - Desde 1937, a
Daimler-Benz AG produziu cada vez mais peças de armamento, como o camião LG
3000 e motores de aeronaves, como o DB 600 e DB 601. Para criar capacidade
adicional para a produção de motores de aviões, além da fábrica de Marienfelde,
foi construída a fábrica de Genshagen em localização florestal bem escondida a
sul de Berlim, em 1936. Trabalhadores da Europa Oriental e prisioneiros de
guerra foram internados em acampamentos. Os detidos dos campos de concentração
foram forçados pelas SS a condições desumanas. Foram «emprestados» a empresas
em troca de dinheiro. Em 1944, cerca de metade dos quase 64 mil trabalhadores
da Daimler Benz eram trabalhadores forçados civis, prisioneiros de guerra ou
detidos em campos de concentração.
Estúdios
de Hollywood - Para continuar a fazer negócios na Alemanha após a
ascensão de Hitler ao poder, os estúdios de Hollywood concordaram em não fazer
filmes que atacassem os nazis ou que condenassem a perseguição aos judeus na
Alemanha. Foram figuras deste negócio Joseph Goebbels e o patrão da Metro
Goldween Mayer (MGM).
Hugo
Boss -
Desenhou os intimidantes uniformes das SS assim como as camisas castanhas das
SA e das juventudes hitlerianas.
Chase
Bank -
A contribuição do Chase Bank (agora J.P. Morgan Chase) com os nazis não é muito
surpreendente, já que um dos seus acionistas mais importantes, J. D.
Rockefeller, financiou directamente as experiências eugénicas antes da guerra.
Entre 1936 e 1941, o Chase e outros bancos estadunidenses ajudaram os alemães
com a recolha de recursos que chegaram a atingir mais de 20 milhões de dólares.
Deutsch
Bank -
começou por demitir os seus funcionários judeus, passando depois para a
«arianização» da empresa (363 processos), ou seja, a passagem do controlo
accionista para quem não fosse judeu, segundo a própria empresa. Essa expulsão
da população judaica dos negócios do país chegou ao seu auge em 1938, quando,
após uma série de leis e decretos, os judeus foram proibidos de participar em
qualquer actividade económica. Em 1938, o governo nazi começou a monitorizar e
congelar bens de judeus sistematicamente, afectando clientes do Deutsche Bank e
de outros bancos. Até ao final da guerra, quase todos os bens e depósitos de
clientes judeus tinham sido transferidos para o Reich, de acordo com o banco. O
Deutsche Bank também se envolveu no comércio de ouro entre 1942 e 1944. Neste
período, o banco comprou 4 446 quilos de ouro do banco central alemão e
vendeu-o em Istambul, capital da Turquia, país que ficou «neutral» durante a
guerra, mas onde o Deutsche Bank tinha uma filial…
Aliam - Fundada na
Alemanha em 1890, não foi surpreendente que fosse a maior seguradora alemã
quando os nazis chegaram ao poder. Como tal, em seguida se envolveu no regime
nazista. O seu conselheiro delegado, Kurt Schmidt, também era o Ministro da
Economia de Hitler, e a companhia assegurou as instalações e pessoal de
Auschwitz. O director-geral assegurou o pagamento ao Estado nazi, em vez de aos
beneficiários judeus afectados pela «Noite de Cristal». Além disto, a empresa
trabalhou estreitamente com o governo nazi para localizar as apólices de seguro
dos judeus alemães enviados para os campos de morte e, durante a guerra,
assegurou a transferência para o regime nazi das propriedades de que foram
privados esses mesmos judeus.
Kodak - Usou mão-de-obra
escrava na filial alemã da empresa durante a guerra. As filiais da Kodak nos
países europeus «neutrais» fizeram grandes negócios com os nazis, proporcionado
mercado para seus produtos, mas também permitindo a valiosa divisa estrangeira.
A filial portuguesa inclusive enviou seus benefícios para Haia, que estava
ocupada pelos nazistas naquele momento. Esta empresa não produzia apenas as
câmaras. Diversificaram o negócio e produziram gatilhos, detonadores e outros
artigos militares para os alemães.
Novartis - As empresas
químicas suíças Ciba e Sandoz fundiram-se para constituir a Novartis, mais
conhecida pelo seu famoso remédio, Ritalin. Em 1933, a filial berlinense da
Ciba despediu todo o conselho de administração e o substituiu por um grupo de
pessoas arianas mais «aceitáveis». Entretanto, a Sandoz estava ocupada a fazer
o mesmo com o seu presidente. As empresas produziram tintas, remédios e
produtos químicos para os nazis durante a guerra.