A Roma Antiga – da Cidade ao Império em 600 anos

Publicado em LiveScience

Traduzido por Wesley Sousa

 

Em torno de 6 séculos, Roma transformou de uma cidade independente à um extenso império que dominou o Mar Mediterrâneo


A Roma Antiga refere-se à cidade que se tornou o centro de um Império que floresceu por aproximadamente 600 anos. Durante esse tempo, o Império cresceria até se estender do norte da Inglaterra até o Oriente Médio, abrangendo o Mar Mediterrâneo. Exatamente quando a cidade de Roma foi fundada ainda é um mistério. Os antigos romanos acreditavam que Roma foi fundada em 21 de abril de 753 a.C pelos irmãos Romulo e Remo, que supostamente foram criados na natureza por uma loba fêmea depois de terem sidos abandonados pelos seus pais.

Na verdade, as escavações arqueológicas indicam que as pessoas já viviam em Roma por ao menos 3 mil anos, escreve Thomas Dynneson, professor emérito de antropologia e educação na Universidade do Texas, em seu livro “Rise of Early Roman Republic: Reflections on becoming Roman” (Peter Lang publishing, 2018) [Ascensão da primeira República Romana: Reflexões em torno de Roma). Os romanos acreditavam que a linha dos reis governou Roma depois dos tempos de Romulo a Remo, e que o último rei deposto em 509 a.C com um estilo republicano de governo, criado no lugar do rei. Pouco dos registros históricos desse período sobreviveu, e está sujeito a debate entre os historiadores modernos se essa linha existiu mesmo, se eles existiram, quando terminou-se.

A análise desses primeiros escritos e vestígios arqueológicos sugerem que os habitantes de Roma foram influenciados pelos Etruscos e pelos Gregos, dois povos que também tinha cidades na Itália. “Então, o resultado do contato de Roma com os Etruscos, por exemplo, eles foram capazes de desenvolver um sistema de escrita que provavelmente esteve suas origens anteriores com os gregos do Egeu”, escreve Dynneson. O sistema de governo republicano durou até 27 a.C e tentou balancear o interesse dos patriarcas – a classe nobre dos cidadãos romanos – com os plebeus, i.é, a classe mais baixa e a mais pobre. Escravos faziam parte da sociedade romana, mas foram excluídos de sua cidadania. Não está claro se as primeiras tentativas de democracias dos estados gregos inspiraram a adotar uma República.

Durante o período da república romana, o controle expandido incluiu toda a Itália, grande parte da Ibéria e Norte da África, Grécia, Gaules e parte do oriente médio. “Roma tinha um enorme império muito antes dela ter um imperador”, escreveu Adrian Goldsworthy, um historiador, no seu livro “Pax Romana: War, Peace and Conquest in World Roman” (Weindenfeld & Nicolson, 2016) [Pax Romana: Guerra, Paz e Conquista no mundo romano]. Roma cessou de ser república em 27 a.C, quando Octavius, o sobrinho-neto de Júlio César, foi dado ao título de “Augusto” (o qual traduz-se como “reverendo um”) pelo Senado Romano. Octavius tinha triunfado na guerra civil na qual seu rival Marco Antônio, junto com Cleopatra VII, morreu por suicídio, deixando Octavius no controle de Roma. Depois desse tempo, o poder tornou-se concentrado nas mãos de Augusto e seus sucessores.

A própria Roma tinha crescido massivamente nos tempos que Augusto chegou no poder. “O crescimento dramático central da cidade nos dois séculos depois de Augusto, no curso do qual esta população tinha sido quintuplicada, foi alcançado por altos níveis de imigração de camponeses italianos e provinciais escravizados”, escreveu Peter Garnsey, um professor emérito de Antiguidade Clássica na Universidade de Cambridge, e Richard Saller, um professor clássico na Universidade de Stanford, no seu livro “The Roman Empire: Economy, Society and Culture” (University of California Press, 2014) [Império Romano: Economia, Sociedade e Cultura].

Foi esse crescimento que outras partes do mundo romano pagaram. “As expansivas distribuições dispendiosas, programas públicos de trabalho e entretenimento da cidade de Roma foram financiadas por taxas e impostos imperiais e rendas das propriedades públicas extraídas no território de outros estados”, escrevem ambos. “Essas receitas foram retiradas em grande parte das províncias. A Itália não era uma província e estava isenta de taxações diretas sobre propriedades e pessoas”.

The Roman colosseum as seen from the stands where ancient Romans would have watched gladiators fight. (Image credit: Getty/VSD Software Piotr Jaczewski/Contributor)

Uma das estruturas mais importantes construídas para entretenimento das massas foi o Coliseu de Roma, pelo qual sediou lutas de gladiadores. Sua construção data nos idos dos anos 70 a.C, pago com dinheiro e tesouro guardado em Jerusalém em 70 a.C, de acordo com uma antiga escritura localizada no Coliseu. As estimativas da população romana variam, mas cidade pode ter tido cerca de 1 milhão de habitantes no primeiro e secundo séculos d.C., a população da cidade caiu em tempos mais atrasados como nas lutas do Império Romano. 

Os historiadores modernos oferecem uma data ao “Império Romano” – o tempo depois que a República Romana se findou – com duração entre 27 a.C e 476 d.C. durante esse período, o Império Romano, sob o controle de um ou mais imperadores, expandiu para Inglaterra, Gales e parte da atual Romênia. Também fez tentativas falhas na conquista do que são agora a Alemanha, Escócia e Iraque. O período entre 27 a.C e 180 d.C é às vezes chamados de “Pax Romana” (Paz Romana) porque Roma era relativamente estável comparada aos tempos posteriores e anteriores a essas datas. Contudo, houveram ainda um número de guerras civis e assassinatos durante esse tempo.

O período depois de 180 d.C é visto como um período de declínio e mudança no Império Romano, com uma forma política que cresceu e as bordas do império, vindo sob ataque de alguns grupos chamados de “bárbaros”. O cristianidade cresceu na população e foi tolerado oficialmente durante o reino de Constantinopla, de 326 d.C a 336 d.C. Eventualmente, se tornou uma religião oficial no Império Romano, deslocando as várias divindades que tinham sido adoradas antes.

O Império acabou por se dividir em dois; e depois tornou-se o Império Romano Ocidente e o outro do Oriente. Os dois imperadores poderiam às vezes cooperar um com o outro, e outros momentos estavam em conflitos entre si. Os destinos das duas metades do Império foram muito distintos. O lado ocidental colapsou durante o séc. V, quando seu imperador foi destronado em 476 d.C. O leste do Império, por outro lado, continuou por quase um milênio. Os historiadores modernos chamaram essa parte de Império Bizantino, embora seus antigos habitantes chamavam a si mesmos de “romanos”.

Não foi até 1453, quando Constantinopla – hoje chamada Istambul – foi capturada pelo Império Otomano, que o Império Romano realmente caiu.

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