O texto original se encontra no blog Raiz da
Questão. O autor é Arthur Abdala, formado em bacharelado em Economia pela Universidade Católica de Santos-SP. Link da publicação original: A escola austríaca NÃO refutou Marx: entenda!.
Karl Marx, filósofo, sociólogo, economista alemão. Considerado um dos mais importantes pensadores da humanidade |
Aos
leitores liberais/conservadores: Antes de tirarem
conclusões precipitadas, leiam o texto até o final. Caso tenha uma visão
simplista sobre o valor trabalho, aproveite o texto para entender melhor. Se
não concordar, saiba que a ciência econômica não chegou a um consenso sobre o
tema. Entretanto, procure refletir e fazer um distanciamento sobre o texto a
seguir. Não o julgue moralmente, apenas compare com as informações que você já
tem.
Aos
leitores de esquerda: Saibam que, como dizia Lênin, não se faz
revolução sem ideologia. Vejo muitos leitores preocupados com Jair Bolsonaro,
PSDB e cia. Entretanto, não percebem que a esquerda está perdendo a primeira
batalha: a ideológica. E, acreditem, esse é o argumento base da nova direita
ultra-liberal.
Muito se fala por aí que a escola austríaca refutou Marx. O
argumento é simples, Marx, em O Capital (1863), postulou a sua teoria econômica
baseada no valor-trabalho, a mesma de Smith (1776) e Ricardo (1817), só que com
algumas diferenças, entre elas está o trabalho social médio e o valor social da
mercadoria. Para esses autores, de maneiras diferente, Valor = Trabalho, sendo
que, para o marxismo, Valor = Trabalho social médio
Já a escola austríaca baseava a sua teoria de valor na
utilidade marginal (Menger, 1871). Para entender melhor a teoria dos
neoclássicos, imagine que você esteja com muita sede. O primeiro copo d’água
que você tomar terá um valor muito alto. O segundo, com a mesma quantidade de
trabalho do primeiro, terá um valor inferior. E assim sucessivamente, até
chegarmos ao último copo, após toda sua sede ser saciada, que terá valor zero. Estando satisfeito, mesmo que o último copo seja muito barato, quase de
graça, você tende a não comprar, afinal ela não lhe serve mais.
Traduzindo para um universo mais amplo, independentemente
da quantidade de trabalho que tenha uma mercadoria, se ela não tiver utilidade
para ninguém, seu valor será igual à zero. Ressaltando que valor é diferente de
preço, pois sua conversão depende de outras variáveis.
Observando por esse ponto de vista, a teoria usada pela
escola austríaca faz muito mais sentido. Ocorre que a dinâmica do capitalismo é
muito mais complexa que isso. A partir daí vem a primeira questão que é de
ordem econômica e sociológica, de onde vem a utilidade? Para os neoclássicos a
utilidade é subjetiva, enquanto para os clássicos (Marx, Smith, Ricardo, entre
outros) a noção de útil é objetiva. O texto tratará esse tema adiante.
Antes de entrar no mérito da teoria do valor, é preciso
percorrer e revisar alguns itens da teoria marxista, pois precedem qualquer
entendimento sobre a teoria do valor. As explicações a seguir foram elaboradas
para serem mais didáticas possíveis.
Materialismo
Dialético
Por que materialismo? Para o marxismo, as únicas coisas que
podemos afirmar a existência são a matéria e suas interações, ou seja, a
matéria é a única substancia. Isso descarta qualquer metafísica ou realidade
idealizada. Em outras palavras, as coisas são como elas são.
Após esse entendimento, é preciso entender a noção de
natural e artificial. A primeira, pode parecer óbvio, é aquilo que existe
independente da ação humana. Já o artificial é aquilo que precisa da alteração
do homem na natureza. Grãos de areia numa praia, que surgem através do choque
da água do mar sobre as pedras, são naturais. Por sua vez, uma plantação de
feijão só é possível se o homem realizar o trabalho e modificar a natureza,
portanto é artificial.
Surgem então dois outros conceitos: o concreto e o
abstrato. Concreto que é aquilo que existe de fato, enquanto o abstrato existe
apenas na nossa mente, ou, é a noção da realidade. Para que o conceito não
fique vago, seguem dois exemplos:
Imagine uma bela música tocando no seu rádio. O que existe
de concreto são ondas sonoras e apenas isso. As noções de melodia, harmonia,
enredo, estilo musical existem apenas nas nossas mentes, portanto abstratas.
Agora, imagine uma bela e suculenta lasanha. O que existe
de concreto é um emaranhado de alimentos provindos do leite, da carne animal e
do tomate. As noções de suculência e sabor só existem nas nossas mentes,
portanto abstratas.
Tanto a lasanha, quanto a música requerem a alteração do
homem pela natureza, portanto são artificiais. Essas artificialidades vêm da
noção que o humano tem ou cria da realidade. Portanto, o que impulsiona a
alteração do homem pela natureza é a sua abstração.
O homem planta tomates, tira o leite da vaca e faz
sucessivos processos, porque entende que a sua abstração de sabor justifica
toda essa alteração da natureza para criar lasanhas, algo que ele entende como
saboroso. O ser humano cria instrumentos, manuseia, porque entende que a sua
abstração musical justifica tais processos.
E por que é dialética? A noção do abstrato, ou seja, a
forma como vemos e entendemos a realidade não surge em si mesma. O homem não
nasceu com os conceitos de saboroso, suculento, harmonia, melodia, bom, mal,
ruim ou excelente. Essas noções são incorporadas ou criadas nas nossas mentes.
E como acontece isso? Marx definia a relação das forças
produtivas e o abstrato como uma “via de mão dupla”. Para isso, dividiu, de
forma analítica, a sociedade em dois níveis. O primeiro é a infraestrutura, que
constitui a base fundamental da economia, com a relação do proprietário e
não-proprietário, e entre o não-proprietário e os meios e objetos do trabalho.
Ou seja, a infraestrutura é a economia em si.
Já o segundo nível é a superestrutura, que consiste na
camada político-ideológica, e é constituído pela estrutura jurídico-política,
representada pelo Estado e pelo direito, e a estrutura ideológica, referente às
formas de consciência social, tais como a religião, a educação, a filosofia, a
ciência, a arte e as leis.
A infraestrutura e a superestrutura, ou o concreto e o
abstrato vão se influenciar para trazer uma ideia de qualidade para a primeira.
Ou seja, a ideologia e o estado vão se moldar para aperfeiçoar as relações
econômicas, ou, a noção de realidade é feita para trazer mais “conforto” para o
homem.
Tendo em vista que as forças produtivas têm interesses
difusos na economia, elas vão disputar o controle da noção de realidade, ou,
tentar alterar, a seu modo, o controle da abstração. Um exemplo disso é a taxa
de juros, que é apenas um número gerado pelo Banco Central, em outras palavras,
uma abstração da superestrutura. Trabalhadores e empresários vão desejar uma
taxa de juros menor, enquanto banqueiros vão desejar uma taxa de juros maior.
Para isso, vão usar argumentos como inflação e desemprego. Pela dialética
marxista, ao contrário da hegeliana, ganhará essa batalha quem tiver mais
força, seja coercitiva, econômica ou política.
Essas abstrações têm resultados difusos na qualidade da
infraestrutura, favorecendo alguns grupos em detrimento de outros. A partir daí
surge a famosa luta de classes. Mas isso é tema para outro texto.
E por fim, por que é histórico? Porque existe uma noção de
novo e velho. Uma novidade não surge do nada, ela é a superação de algo velho.
Visto isso, a noção de realidade se altera no tempo, já que as relações
econômicas se transformam. A comunicação é muito mais ágil hoje do que nos anos
50. Essa nova dinâmica na forma de se comunicar altera as relações sociais, o
que faz com que os valores se modifiquem. Logo, não dá para estabelecer a mesma
abstração de 60 anos atrás.
Marx
VS Austríacos, segundo Lênin
Com toda a ideia do materialismo dialético, surge a
primeira, mas não principal, divergência entre a escola austríaca e Marx. Em
seu livro: As Três Fontes e as Três partes Constitutivas do Marxismo (1913),
Lênin afirmava que onde os austríacos viam a relação entre objetos, Marx via
relação entre pessoas.
Partindo do materialismo dialético, onde os austríacos viam
relações entre abstrações, Marx via relação entre o concreto. Ou seja, a
utilidade é uma construção abstrata, ela não existe no plano concreto, conforme
explicado acima.
Marx via que a mercadoria só existe, se o homem transformar
a natureza. Não existe bem ou valor sem o trabalho empregado. Não existem
mesas, cadeiras, músicas, lasanhas, carros, celulares, se o homem não dispender
força para transforma-las. Já o mesmo não pode adquirir essas mercadorias sem
dinheiro, que é resultado do seu trabalho ou do capital investido. Esse último
só traz resultados, se tiver trabalho de outros. Portanto, sem trabalho, sem
valor.
“Ah, mas
uma terra virgem é de enorme valor, e não tem trabalho nenhum”.
Veremos a seguir:
O que
é mercadoria para Marx, valor-de-uso e valor-de-troca
Existe muita confusão do que de fato é a mercadoria segundo
Marx. Muita gente usa exemplos esdrúxulos como: “Se você achar uma maçã caída de uma árvore, seu valor será enorme e a
quantidade de trabalho será zero” ou “O
ar não tem trabalho e é de enorme valor”.
Para Marx, mercadoria é tudo aquilo que tem trabalho e
utilidade – sim, Marx escreveu, e muito, sobre utilidade – O ar tem utilidade,
mas não tem trabalho. Um buraco cavado no jardim tem trabalho, mas não tem
utilidade. Portanto, ar e um buraco inútil não são mercadorias. Até porque, em
sua obra, o autor procurava estabelecer um entendimento para a dinâmica da
economia, que em nenhum momento compreende o ar ou um buraco inútil na terra.
Outro aspecto da mercadoria é que ela deve ser vista como
uma produção em série, ou seja, um quadro original do Picasso não é uma
mercadoria, pois só existe um (original). Já as suas cópias entram no contexto
abordado, pois são produzidas cópias.
Ele também usa um conceito de Barbon (1696), que definiu o
duplo caráter da mercadoria. Valor-de-uso é como uma mercadoria tem valor em
suas características intrínsecas, ou seja, tênis para calçar, água para beber.
Já o valor-de-troca é como a mercadoria não tem valor em
si, mas transfere utilidade a outros, em troca de outros valores-de-uso. Ou
seja, um vendedor de tênis não vê utilidade em seus produtos, entretanto ele
pode vende-los para comprar água, comida e outras coisas que lhe tragam
utilidade.
Portanto, uma terra virgem, como visto anteriormente, tem
valor-de-troca e só a sua manipulação pelo homem gerará alimentos. Em outras
palavras, a terra só tem valor porque através dela é possível transformar a
natureza, produzir mercadorias e troca-las por valores de uso.
Mas não é só isso. O valor de uma terra virgem também tem
trabalho: na descoberta, em seu atestado de que ela é produtiva e na sua
comercialização. Em outras palavras, a terra virgem precisa ter valor social.
Fetiche
da Mercadoria
A mercadoria tem uma função, o chamado valor-de-uso, ou
seja, água para beber, celular para se comunicar, carro para se locomover.
Entretanto, resumir essa relação, entre o consumidor final e o produto
consumido, seria um erro. Nesse contexto, as mercadorias estabelecem uma
relação social.
A sociedade compartilha valores e sensos estéticos. Desse
compartilhamento, surgem uma relação entre o nervo ótico e a mercadoria, que,
muitas vezes, é uma idealização ou uma metafísica.
Vejamos, a água serve para beber, entretanto, quando uma
marca de águas engarrafadas exibe uma fonte natural ou uma garrafa borrifada,
simbolizando o produto bem gelado, causam ou estimulam, no consumidor final,
uma sede.
Além disso, esse estimulo, muitas vezes, subverte a
característica substancial do produto. Um celular, cuja a única função é a de
se comunicar, pode conquistar o consumidor pela forma ou pelo design. No fim
das contas, o usuário pode acabar consumindo a imagem da forma do celular.
Por fim, o automóvel serve para locomover a pessoa de um
lugar para outro. Quando o sujeito compra uma Ferrari, para conquistar o sexo
oposto ou ser visto bem visto numa festa noturna, acaba consumindo um
valor-de-troca, ou seja, ele adquire um produto para troca-lo por um valor
social, que no caso seriam a imagem e o status.
Em outras palavras, quando a mercadoria leva em si um
caráter fetichista, ela tem valor-de-troca intrínseco. A água não serve apenas
para matar a sede, e começa a corresponder um estímulo externo. O celular perde
a função de se comunicar, e adquire uma tara pelo design e a tecnologia. O
carro perde a a função de se locomover, e adquiri uma busca por uma imagem
pessoal.
Esses valores que as mercadorias adquirem, como visto
anteriormente, não são frutos de uma subjetividade, pois ninguém nasce
sabendo disso. Mas sim, são valores objetivados pelo meio e a cultura que
vivemos, e compõe, como Marx mostrava, um hieróglifo social. Veremos a seguir:
Valor
Objetivo VS Valor Subjetivo
Mises (1940), autor da escola austríaca, desenvolveu a
chamada praxeologia, ou teoria da prática. Nela, o autor defende que a ação é
um método para se alcançar um desejo, e que cada indivíduo terá seus desejos e
métodos próprios. Portanto, o valor seria subjetivo. A máxima da escola
austríaca, que um sujeito no deserto dá mais valor a um copo d’água que um
diamante é valida, porém é uma constatação, e não um explicação.
Primeiro, é importante citar que Marx não descartava o
valor subjetivo, como muitos dizem: “A
natureza dessas necessidades, se elas se originam do estômago ou da fantasia,
não altera nada na coisa.”(Marx, 1863, p. 165). Mas, se pensarmos que o
comportamento humano é movido apenas pelo subjetivo, teríamos que repensar o
conceito de livre arbítrio.
Na filosofia, três conceitos dizem respeito às escolhas do
indivíduo, e que são pontos fundamentais no debate sobre a teoria do valor. O
primeiro é a do determinismo, que entende que toda ação pode ser explicada por
fenômenos de casualidades anteriores. Já o incompatibilíssimo tenta provar que,
por mais que hajam influências, a decisão, em última análise, é do indivíduo. E
há uma visão intermediária, na qual há um entendimento que fatos passados não
determinam, mas sim, condicionam a ação humana. A mais aceita no pensamento é a
visão intermediária de condicionamento.
E o que dizem a maioria dos filósofos? Spinoza (1677) e,
até mesmo, Locke (1689) descartam o livre-arbítrio. Schopenhauer tem uma frase
que define bem a abordagem do texto:
“cada
um acredita de si mesmo a priori que é perfeitamente livre, mesmo em suas ações
individuais, e pensa que a cada momento pode começar outra maneira de viver
[…]. Mas a posteriori, através da experiência, ele descobre, para seu espanto,
que não é livre, mas sujeito à necessidade, que apesar de todas as suas
resoluções e reflexões ele não muda sua conduta, e que do início ao fim da sua
vida ele deve conduzir o mesmo caráter o qual ele mesmo condena.” (Schopenhauer,
1839)
A palavra necessidade deve ser frisada, pois ela remete à
utilidade. Segundo a teoria marxista, tanto utilidade, quanto necessidade são
frutos da chamada vida social, a não ser que você viva ilhado, sozinho, sem
nenhum tipo de comunicação com o mundo. Importante ressaltar que a filosofia
marxista entende que o homem é um fruto de seu próprio meio.
Para que haja um melhor entendimento, é preciso responder à
uma pergunta: O que vem primeiro, a oferta ou a demanda?
O filme “O lobo de Wall Street” (Scorcese, 2013), o
personagem interpretado por Leonardo Di Caprio pede aos demais que vendam uma
caneta. O primeiro apresenta uma série de explicações, e não convence. O
segundo, mais astuto, pede para que o solicitante escreva seu nome em um papel,
e ele precisará de uma: caneta. É isso que o capitalismo faz o tempo todo, cria
necessidades.
Vamos aos exemplos. O homem sempre se comunicou, seja por
carta, pombo correio, mensageiro, orelhão, etc. Hoje, a moda são os smartphones
e seus aplicativos de mensagem instantânea. O ser humano é um ser social, ele
precisa se comunicar com a família, amigos, colegas de trabalho, clientes, etc.
A partir do momento em que não se usa essas ferramentas, o sujeito é excluído
de suas relações sociais.
Mas aí você pode se perguntar, o homem sempre desejou se
comunicar mais rápido? A resposta é não, as relações sociais demandaram um
aperfeiçoamento da comunicação. Um senhor, em 1950, vivia confortável sem os
celulares de hoje. Porém, hoje em dia, sem esse instrumento, sua família fica
preocupada se você não atende, e isso tem a ver com a diminuição da segurança
no moderno. Seus amigos se comunicam em um fluxo semelhante a um turbilhão, e
isso tem a ver com a carência do mundo moderno e a falta de tempo para um
contato físico. Seu chefe e seu cliente precisam de informação a todo momento.
Ou seja, nada disso tem a ver com suas escolhas subjetivas, mas com o contexto
social que você vive, e isso é objetivado.
Outro exemplo, o meu preferido, é o padrão estético e os
produtos e serviços de beleza. Imagens de mulheres magras, com pele e cabelos
lisos, seios fartos e simétricos, bumbuns definidos são repetidos
exaustivamente pela televisão, revistas, outdoors, filmes, etc. Ou seja, o
padrão estético almejado é informado e não formado. Em outras palavras, não é
algo que as pessoas constroem em si, é algo dado, fornecido e que serve de
referencial. Portanto é objetivo e não subjetivo.
Fazendo uma analogia com o filme de Scorcese, antes de
aparecer a utilidade, é preciso que surja a necessidade, que é social. Isso não
exclui a necessidade natural: beber, comer, defecar. Mas uma coisa é sentir
sede, outra é sentir sede de Coca-Cola.
Mas, afinal, existe indústria do tabaco porque pessoas
fumam, ou pessoas fumam porque existe indústria do tabaco?
Para responder essa pergunta, recorreremos ao senhor James
Buchanan Duke. Esse homem foi o responsável por criar esta máquina:
A função dessa engenhoca era produzir 120 mil cigarros
perfeitamente simétricos por dia. É muito cigarro! Mas para que ela pudesse
funcionar, era preciso que mais pessoas começassem a fumar. E elas não fariam
isso do nada. Foi aí que Duke teve uma sacada brilhante: o marketing. O
empresário começou a patrocinar corridas de automóveis, concursos de beleza e
tantos outros. A ideia era basicamente associar o hábito de fumar à elegância,
aos ricos, esportistas e estrelas do cinema. Ou seja, atribuir ao cigarro um
valor que ele não tem.
Volte no texto, e releia o fetiche da mercadoria. Melhor! Leiam “O Capital”, em especial a secção
quatro do livro um. Lá, Marx coloca que o fetiche nada mais é do que atribuir
um valor-de-troca intrínseco ao produto. Nesse caso, o valor-de-uso do cigarro
é o prazer cerebral que o produto fornece, e o valor-de-troca é o status ou a
sensação social que o tabaco traz. Ou seja, a ideia era que, ao tragar um
cigarro, venha a sensação de estar consumindo todo um estilo de vida.
A estratégia de Duke foi uma revolução para o marketing e a
propaganda. Podemos ver nas propagandas de cerveja, que geralmente associa o
produto a mulheres; propagandas de relógio, que é ilustrada com esportistas; e
propagandas de perfumes, que é associado com festas chiques.
Outro exemplo é a cultura de grandes marcas. Isso remete
muito mais ao caráter fetichista da mercadoria. Roupas, anéis, relógios,
celulares de última geração, tênis da moda, tudo isso é referente ao padrão de
consumo, que é informado através de vídeo clips, filmes, novelas, revistas e
propagandas. Ou seja, o jovem é informado por esses veículos sobre o padrão de
consumo auferido à felicidade e até de aceitação pelo grupo, e transforma isso
em consumo ou em desejo de consumir.
O consumo é condicionado à cultura, e essa ocorre de cima
para baixo, ou seja, não surge a partir das pessoas, mas sim da superestrutura
descrita em Marx. Em outras palavras, os clipes, novelas, filmes, revistas e
propagandas desenham valores para a população, logo, o valor é objetivado por
uma classe superior, detentora dos meios de produção e comunicação, e é passado
para a massa.
E onde
entra o trabalho em tudo isso
O dilema da água e do diamante: Segundo os austríacos, o
diamante tem mais valor porque é mais escasso do que a água, e ambos, em graus
diferentes, são úteis.
Marx responde esse dilema, propondo que, por ser mais
escasso, o diamante precisa de mais horas de trabalho para ser extraído. Ou
seja, se, em uma hora, 10 trabalhadores extraem 100 mil litros d’água, e, no
mesmo tempo, com a mesma quantidade de operários, extraem 1g de diamante, isso
explicaria a diferença astronômica de preço entre as duas mercadorias.
Antes é preciso explicar. Marx diferencia valor e preço,
sendo que o segundo está sujeito à juros, inflação, crises econômicas,
impostos, alteração das condições da demanda (como o fator limitador da renda)
e a taxa de lucro, conhecida no marxismo como Mais-Valia.
Passando da escassez para utilidade, o que faz com que as
pessoas deem mais valor ao diamante do que a água? A resposta é simples, as
características intrínsecas do produto.
A demanda pelo diamante preenche todas as formas de valor
descritas por Marx. Da pedra são feitas pulseira, brincos, colares, ou seja, os
objetos feitos com o diamante têm valor-de-uso. Já a pedra pode ser vendida ou
assumir o papel de reserva de valor, portanto tem valor-de-troca. E, por
último, o objeto transmite status, portanto tem valor-de-troca intrínseco, ou
seja, caráter fetichista.
Na sociedade do século XIX (quando Marx escreveu sua obra),
estes itens se apresentavam como úteis através de festas, encontros burgueses e
da aristocracia. Hoje, eles se apresentam através de vídeo-clips, revistas,
filmes, séries e nos mesmos eventos da elite econômica, como festas milionárias
da Dolce & Gabana. O diamante é ressaltado nas imagens de propaganda ou de
festas chiques, pela sua forma, tanto que os tipos da pedra variam conforme o
brilho.
Para atingir o valor intrínseco é preciso extrair o
diamante – que, se for escasso, demandará mais força de trabalho -, lapida-lo e
passar por longos processos até transforma-lo em mercadoria. Sem contar que
para objetivar o valor do diamante foi preciso gastar dinheiro com filmes,
séries, revistas, eventos promocionais, jantares, festas e tudo mais. E isso
tudo só é feito através do trabalho humano. Ou seja, para que o diamante tenha
valor intrínseco, e que essas características tenham valor social, nos dois casos
é preciso trabalho.
Apenas incrementando os exemplos de valor intrínseco,
imagine um serviço de banda larga. O que tem velocidade de 2Gb é melhor que o
de 2Mb. E essa escolha é relacionada às características da mercadoria, e não
por uma preferência subjetiva.
Agora, imaginem dois computadores, a marca “A” é básica com
memória lenta e funções limitadas, e a marca “B” é completa com memória rápida
e amplas funções. Antes de tudo, se o fabricante “B” não apresentar a sociedade
o porquê da necessidade de seu produto, em outras palavras, se o computador “A”
cumprir todas as funções necessárias, o empresário do “B” estará cometendo um
erro. Devem haver funções que o “B” cumpra, e que tenham valor social, como
rodar jogos ou aplicativos pesados. Esses programas precisam que haja uma
cultura de uso desses softwares.
Para isso, precisa que trabalhadores especializados, com
conhecimento de informática, que construam complexos microchips, com pesquisa
científica, extração de materiais, montagem de peças, escolha de designs, etc.
Ou seja, a diferença entre computador “A” e “B” são suas características
intrínsecas (função, memória, etc), que só é conseguida através de trabalho.
E o último exemplo, é o das camisas dos times. Imagine
duas, uma do Corinthians e outra do Santos. Muitos adeptos da teoria do valor
utilidade dirão que para um torcedor santista, a camisa do rival terá valor
zero, e o mesmo vale para relação do corintiano com o uniforme de seu
adversário.
Não é bem assim. Todos sabem que há mais corintianos do que
santistas. Por que subjetivamente mais pessoas torcer para o Corinthians? Não.
Vou me abster de contar a história das equipes, mas para que o time tenha
tamanha popularidade foi preciso, ao longo do tempo, muita exposição nos
jornais e na TV. Nos dias de hoje, a história continua, pois na Globo só passa
jogo do Corinthians. Ou seja, o time da capital só tem mais torcida por conta
de sua exposição na imprensa, portanto sua popularidade é objetiva.
E para que tudo isso se concretize é preciso trabalho dos operadores
de câmeras de TV, dos jornalistas, dos fotógrafos, dos jogadores, gandulas. Na
época que o Santos contava com Neymar, o valor da marca do time foi elevado, ou
seja, o interesse aumentou objetivamente por conta do trabalho do jogador.
As camisas de Santos e Corinthians podem ter o mesmo preço
no mercado, mas o valor objetivado do time corintiano é diluído em venda de
mais camisas, ou seja, não ganha no preço, mas ganha no volume. É análogo à um
custo fixo diluído na quantidade ofertada.
O mito
do sorvete na testa e o trabalho em Marx
Alguns liberais afirmam, ao rebater a teoria marxista, que
o trabalho de se colocar um sorvete na boca é semelhante ao de colocar na
testa. A tentativa é de atribuir ao autor certa desconsideração quanto a
eficiência do trabalho. Para responder essa falácia, segue trecho do próprio
Capital:
“Se o
valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho despendido
durante a sua produção, poderia parecer que quanto mais preguiçoso ou inábil
seja um homem, tanto maior o valor de sua mercadoria, pois mais tempo ele
necessita para terminá-la. ” (Marx, 1863, p. 168)
Vale aqui uma consideração. Na época que foi escrito O
Capital, a medida do trabalho social era o tempo, ou seja, quanto maior a
quantidade de horas trabalhadas, maior o valor. Hoje, o trabalho social médio é
medido por novos índices
de produtividade.
Por
que o consumo não é uniforme?
O texto parece ser bem óbvio, mas já sei que algumas
perguntas virão: “Se o valor é
objetivo, por que as pessoas não consomem a mesma coisa? ”
Primeiro, porque não é descartado o valor subjetivo, como
mostrado no texto. Segundo, porque há conflitos de interesse entre o próprio
capital. Terceiro, porque a cultura é distinta no tempo e no espaço. Quarto,
porque a teoria do valor trabalho não assume que o consumo seja
determinado, mas sim, condicionado. E, por fim, porque o cérebro humano é
muito complexo.
O que a teoria do valor trabalho de Marx tenta mostrar é
que a mercadoria tem um valor social, que é objetivada pela superestrutura, e
que se manifesta em suas características intrínsecas, que, por sua vez, só
podem ser obtidas com trabalho.
“Ah,
mas porque empresas fazem pesquisa de mercado?”
O fato de empresas quererem detectar preferencias
individuais, não significa que elas sejam absolutas. Vamos aos fatos. Antes de
lançar um produto, existem valores existentes (objetivados também) na
sociedade. Um novo produto lançado dificilmente vai mudar uma cultura de
hábitos do dia para noite, portanto, deve se adaptar. Lembro-me certa vez de
uma conversa com um marqueteiro sobre um produto de uma empresa que eu
trabalhava. Indaguei-o: “Mas a
cultura do brasileiro não comporta isso? ”, e ele me responde: “Nossa intenção é mudar esse hábito! ”
“Se o
valor é objetivo, por que as empresas erram?”
Simples, porque criar valor social para um produto,
principalmente no estágio avançado do conhecimento científico, é muito difícil.
Tanto que o estudo do marketing já avançou para o neuromarketing.
Para
que serve o entendimento na teoria do valor trabalho?
Entender a teoria do valor trabalho em Marx, no ponto de
vista desse blogueiro, é mais do que entender a dinâmica do capitalismo, é ter
uma noção de como nós nos relacionamos em sociedade.
Mas, numa época em que a escalada direitista ganha força,
com um argumento deturpador e ignorante sobre essa teoria, entender o Livro 1
de Marx é uma vacina e tanto.
Querem nos empurrar uma visão que o capitalismo se resume a
trocas voluntárias, onde o estado é um mero atrapalhador, o que não é verdade.
Capitalismo é uma relação de poder e influencias complexas, que envolve criação
e determinação de valores sociais.
Nessa relação, quem tem mais dinheiro, tem mais poder, e
controla, EM PARTES, os parâmetros, até inconscientes, de estética, aceitação
pelo grupo, autoafirmação e felicidade. Ou seja, no capitalismo a liberdade de
ser, MUITAS VEZES, é falsa.
No fim das contas, Mises só refutou Marx na cabeça de quem
não entendeu o marxismo e a complexidade do capitalismo.
Referências:
Barbon,
N. (1696). A Discourse on Coining the New Money Lighter. In Answer to Mr.
Locke’s Consideration etc.
Conder,
L. (1985). O que é dialética.
Hegel,
G. W. (1635). Curso de Estética – O Belo na Arte.
Lênin,
V. (1913). As Três Fontes e as Três partes Constitutivas do Marxismo.
Locke,
J. (1689). Ensaio acerca do Entendimento Humano.
Marx,
K. (1863). O Capital (Vol. O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO CAPITAL).
Menger,
C. (1871). Princípios de Economia Política.
Mises,
L. V. (1949). A Ação Humana.
Ricardo,
D. (1817). Princípios de Economia Política e Tributação.
Schopenhauer,
A. (1839). O Livre Arbítrio.
Slater,
D. (2001). Consumo e Cultura.
Smith,
A. (1776). A Riqueza das Nações (Vol. Investigação sobre sua Natureza
e suas Causas).
Spinoza,
B. (1677). Ética demonstrada em ordem geométrica (Vol. 3).
Poderia explicar melhor o que quis dizer com "o valor objetivado do time corintiano é diluído em vendas de mais camisas" na parte referente às camisas dos times? Não consegui entender o que quis dizer com isso. Também não consegui entender o que quis dizer quando citou o trecho de Marx que diz que se o valor é determinado pelo trabalho despendido, poderia parecer que quanto mais preguiçoso ou inábil for o indivíduo, maior o valor da mercadoria, porque o que eu entendi foi exatamente isso, se meu colega de trabalho é mais inábil do que eu e eu produzo o dobro que ele no mesmo tempo, porque o valor da mercadoria não seria diferente? Não consegui entender essa parte também e ficaria muito grato se pudesse explicar melhor esse ponto também.
ResponderExcluirAcho que a citação ficou incompleta, Marx continua: "O
Excluirtrabalho, entretanto, o qual constitui a substância dos valores, é tra-
balho humano igual, dispêndio da mesma força de trabalho do homem.
A força conjunta de trabalho da sociedade, que se apresenta nos valores
do mundo das mercadorias, vale aqui como uma única e a mesma
força de trabalho do homem, não obstante ela ser composta de inúmeras
forças de trabalho individuais. Cada uma dessas forças de trabalho
individuais é a mesma força de trabalho do homem como a outra, à
medida que possui o caráter de uma força média de trabalho social,
e opera como tal força de trabalho socialmente média, contanto que na produção de uma mercadoria não consuma mais que o trabalho em média necessário ou tempo de trabalho socialmente necessário. Tempo
de trabalho socialmente necessário é aquele requerido para produzir
um valor de uso qualquer, nas condições dadas de produção socialmente
normais, e com o grau social médio de habilidade e de intensidade de
trabalho. Na Inglaterra, por exemplo, depois da introdução do tear a
vapor, bastava talvez somente metade do trabalho de antes para trans-
formar certa quantidade de fio em tecido. O tecelão manual inglês
precisava para essa transformação, de fato, do mesmo tempo de tra-
balho que antes, porém agora o produto de sua hora de trabalho in-
dividual somente representava meia hora de trabalho social e caiu,
portanto, à metade do valor anterior." Ele explica bem isso nesse capítulo da citação.
Na parte da camisa acho que ele quis dizer que a camisa de Santos e Corinthians só tem o mesmo preço porque a oferta-demanda das do Corinthians são maiores, mas proporcionalmente.
ExcluirVocês criticam o fato da "exploração humana" cromo o exemplo das camisas de time de futebol "a camisa do time tal é vendida em abundância porque há uma visibilidade maior desse time através da mídia que pra isso é necessário o trabalho de jornalistas,fotógrafos e etc" , o exemplo da ferrari e dos smartphones. Ou seja ,vocês negam o fato de que o mercado e o capitalismo não tem valores que tragam uma ideia de limitação de consumo,simplesmente porque o mercado e o capitalismo não são entes possíveis de possuidores de valores,indivíduos tem valores.
ResponderExcluirE os indivíduos expressam seus valores justamente no mercado.
E diferentemente do socialismo,o capitalismo não foi uma formulação teórica vindo da cabeça de um intelectual (mantido pelo capitalismo).
O capitalismo é fruto da cooperação pessoal das pessoas,seja com indivíduos,empresas e organizações.
E como os interesses,as vontades e as preferências das pessoas não são dados constantes,obviamente terá modificações porque isso faz parte do sistema capitalista pq estabelece uma base de incentivos para que as pessoas possam atuar e obter de um lado,os benefícios dele e serem recompensados e por outro lado,serem punidos pelo sistema quando não obtiverem êxito nisso.Portanto,quando uma empresa fali,essa empresa está sendo punida pelo processo de mercado.
Portanto,já tá mais que provado que o capitalismo onde o pobre foi capaz de ter acesso as coisas boas da vida.
Parece que você não entendeu o pensamento da Escola Austríaca.
ResponderExcluirO valor ser subjetivo quer dizer que não há cálculos absolutos que determinem o valor das coisas, o valor é estipulado por cada indivíduo. Não importa se foi o marketing que fez determinado individuo desejar um certo produto, pois, de qualquer forma, será o indivíduo que decidirá, no fim das contas, se vale comprar determinado produto pelo preço oferecido.
Além disso, algumas coisas do que foi explicado aqui sobre a teoria de Marx não vai de encontro à teoria da Escola Austríaca, na verdade os dois concordam em algumas coisas, apenas as explicam de maneiras diferentes.
Amigo, há diversas formulações teóricas sobre a produção capitalista, você se engana nesse ponto. O capitalismo não surge do nada, não é um sistema natural da ação humana, ele foi desenvolvido historicamente e criado entre conflitos de interesses de classes que eram política e economicamente dominantes. Agora, Marx foi um autor do século xvIII, muita coisa deve ser contextualizada na época, e não deve ser interpretada ao pé da letra diante das relações econômicas de hoje, está longe desse um pensamento absoluto, mas serve como.o ponto de apoio para pensarmos nas relações do capital hoje. Não sou marxista, mas entendo que foi um pensamento importante para época e ainda sim válido em alguns pontos hoje. Não posso falar de Mises porque ainda li pouco, entretanto, posso afirmar que tanto Mises quanto Marx não formularam nenhuma teoria econômica definitiva e nunca será formulada, pois são ciências humanas, e são passíveis sempre de reformulações de acordo com a percepção e demanda de cada época.
ResponderExcluirAmbas, valor-trabalho e utilidade marginal, são teorias dos séculos pretéritos, que buscavam explicações para as condições econômicas posteriores à revolução industrial e que prevaleceram em um mundo que não existe mais.
ResponderExcluirNenhuma das duas explica convenientemente as condições dos mercados no século XXI, em meio à sociedade de informação e na qual 2/3 de todo o valor disponível é gerado por serviços intangíveis, inovação, design e marketing (e isso para não falar de coisas ainda mais enroladas, como flutuação das moedas, cotação das commodities no mercado internacional e pressão da opinião pública sobre a reputação dos geradores de valor).
As teorias de valor-trabalho e valor-utilidade ficam ainda mais anacrônicas se colocarmos na discussão os elementos da economia digital, que geram valores astronômicos a partir de coisas que são grátis, foram criadas com pouquíssimo trabalho e sem capital algum (como o Whatsapp que foi vendido por $bilhões com 14 empregados e dois sócios) ou não têm utilidade prática genuína (como o Pokemon Go). Grande parte da estrutura desses produtos como o Google e Facebook foi feita sob tecnologia pública. Não foi preciso remunerar os capitalistas que a desenvolveram. Ela está acessível a quem não possui sequer capital.
O trabalho socialmente necessário para criar um iPhone X é o mesmo trabalho socialmente necessário para criar um Xperia Z-3. E nem vou entrar no detalhe de que a Apple vale muito mais do que a Sony, a Multiplus valer mais do que a própria LATAM, a salsicha Sadia ter comprado a rezende e com a mesma estrutura, capital primitivo e os preços continuam destoantes.
A opinião pública, hoje, é fator de geração de valor.
Creio que não há o que discutir quanto a isso.
Quando a opinião pública se "enfurece" contra alguma marca ou produto, seu valor cai (e não apenas seu preço).
Definitivamente vc está errado. A proposta austríaca foi de criar uma teoria de valor independente de época. Outra coisa, o valor para os austríacos n dependende de bens tangíveis, eu posso valorar bens e fins n tangíveis
ExcluirAo dar valor objetivo para produtos que seriam "impostos" pelo mercado, você esquece de levar em consideração o conforto e autoestima das pessoas, que isso sim vai dar o verdadeiro valor subjetivo, pois trata-se de uma escolha pessoal, além do mais, você também não leva em conta que as opções de mercado só existem porque são privadas e abertas a concorrências, oq estimula a competição e cada um tenta lançar algo mais eficaz ou mais confortável, com isso as tecnologias avançam de acordo com a preferências das pessoas. Além do mais, queria parabenizar pelo texto, apesar de ainda me convencer que a mais-valia foi sim refutada pela escola austríaca, assim como tem pontos que ambas corroboram. Deixo este texto final: "Ocorre que, em uma sociedade socialista pura, todos os fatores de produção pertencem a um único dono: o estado. Sem propriedade privada, os fatores de produção não são trocados e, logo, não têm preço. A escassez relativa dos fatores de produção e seus usos alternativos fica oculta e o planejador central inexoravelmente é levado a agir às cegas. Mises admitiu, para argumentar, que a questão dos incentivos não apresentasse nenhum obstáculo, que todos se empenhassem diligentemente em suas tarefas. Ou seja, postula-se que a natureza humana seja aquela que os teóricos socialistas quiserem que ela seja, não o que ela de fato é. Mesmo assim, na ausência de preços para os fatores de produção, o cálculo econômico é impossível e a atividade econômica se torna caótica, vez que não se pode discernir entre os vários tipos de combinação de fatores aquele que é o mais econômico."
ResponderExcluirPara esses autores, de maneiras diferente, Valor = Trabalho, sendo que, para o marxismo, Valor = Trabalho social médio.
ResponderExcluirMorram na primeira linha, a teoria de valor objetivo e a de valor trabalho de devid ricardo que marx se balizou para fundamentar sua tese, foi refutada pela teoria de valor subjetivo. Logo tudo que marx fez foi uma casa com fundação na lama.
Não adianta fazer malabarismos a teoria já foi para o saco de lixo.
Só que, se 50% das pessoas preferem a azul e as outras 50% preferem a vermelha, o valor permaneceria o mesmo. E existem muitas outras questões envolvidas, por exemplo se pouquíssimas pessoas quiserem a azul, simplesmente não seria produzida mais. Achar que os austríacos definem o valor apenas pela escassez é que é uma análise extrema superficial. O valor quem define é o mercado, e o mercado é você, eu, e todo mundo junto. Não é um grupo maligno, um inimigo indefinido, que se uniu para escravizar a maior, como as teorias de conspiração de extrema esquerda pregam.
ResponderExcluirFodase COMUNISMO NÃO FUNCIONA COLOCA ISSO NESSA PORRA MENTE RETARDADA
ResponderExcluirQue texto mais superficial
ResponderExcluirNada melhor que ler as contradições e auto-refutações de um marxista convertido! É divertido…
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