Por Jadi Seguins Pereira - estudante de História pela UFMA
Podemos
perguntar para qualquer pessoa, principalmente as mais experientes, se em algum
dia da vida tiveram vontade de tocar um instrumento musical. A maioria absoluta
dirá que sim. E provavelmente dirão que não tiveram um motivo forte para
investir uma parte do seu tempo nessa área. Infelizmente isso é comum. Mas para
quebrar com essa corrente, listaremos bons motivos para que, aqueles que
possuem esse interesse, possam pensar melhor, e quem sabe, começar a aprender
um instrumento musical.
Ajuda a controlar a ansiedade
Muitos
de nós, na correria diária do trabalho, de estudos, e outras atividades,
estamos suscetíveis a um ataque de ansiedade, por causa do stress e a
preocupação que tais atividades nos causam. E em alguns casos, isso se torna
crônico, fazendo com que a pessoa não consiga executar atividades mais básicas,
como sair de casa, ou interagir com as pessoas. A prática de um instrumento
musical é uma ótima ferramenta para combater esse problema, pois, quando a
pessoa que está ansiosa começa a tocar, ela para de pensar no problema (que
geralmente está no futuro e não no agora), pelo fato de estar concentrada no
ato de tocar, e esta concentração no momento presente é uma das principais
recomendações para quem está sofrendo deste mal. Além disso, ouvir uma nota
musical, assim como uma música toda, liberam um neurotransmissor poderoso,
chamado Dopamina, que é responsável por ativar as áreas de prazer e vício do
nosso corpo (e este vício musical não traz mal algum), portanto, é um ótimo
meio para o controle da ansiedade.
Serve como escape nos
momentos difíceis
Não
é só a ansiedade que pode nos deixar mal. Raiva, ódio, medo, aflição, são
outras coisas que podem nos deixar em um estado difícil. Mas assim como no
controle da ansiedade, tocar o instrumento faz com que esses sentimentos
passem, pois, concentrando sua atenção somente nessa atividade, acabamos
esquecendo momentaneamente o que provocou isso, e ficamos mais relaxados, com a
cabeça mais fria pra enfrentar estes problemas. Pergunte a qualquer músico se,
quando ele está se sentindo ruim, e pega seu instrumento para tocar algumas
notas, o ato de tocar o deixa mais relaxado e calmo. A resposta, na grande
maioria das vezes será um sim.
Faz o seu cérebro ficar mais esperto e
trabalhar melhor
Tocar um instrumento exige
um nível alto de concentração e atenção. Isso por que, há uma série de coisas a
se preocupar quando se está executando uma música: o ritmo, a melodia, a
execução do que está escrito na partitura, etc. Isso faz com que o cérebro
trabalhe praticamente todas as suas áreas de uma vez só, especialmente a visual, auditiva e motora.
Estudos
neurológicos mostram que o ato de tocar faz com que a conexão entre os
hemisférios esquerdo e direito do cérebro se torne mais rápida, influenciando
muito na solução de desafios de forma mais efetiva e criativa, no
desenvolvimento de planejamento, estratégia e atenção a detalhes, e
principalmente, melhora o funcionamento e a eficiência da memória. Tanto que é
uma das armas mais efetivas que os médicos possuem atualmente no combate à
doenças que afetam a memória, como a doença de Alzheimer.
Faz com que você conheça melhor o seu
corpo
Todo
o nosso corpo está em atividade quando estamos tocando, seja na própria
execução do instrumento, marcando o ritmo da música, ou dançando. E em algumas
vezes, essa atividade pode trazer lesões, quando não estamos cientes de nossas
limitações, e abusamos da nossa capacidade. Para evitar estes problemas, a percepção
de detalhes como a dor provocada por um movimento, ou uma reação causada pela
mudança de postura é essencial. E isso se torna mais apurado, à medida que
começamos a entender como o nosso corpo funciona, e se comporta quando se toca
de uma certa maneira, e mapeamos quais são as partes que podem doer se fizermos
de forma errada, para assim, tocarmos de forma mais saudável.
Ajuda no combate a doenças
Uma
ferramenta muito importante está sendo utilizada no combate ao estresse, a
Musicoterapia. A prática, que utiliza músicas, sons e movimentos com fins
terapêuticos, já é adotada em diversos hospitais, clínicas e centros de
reabilitação para a integração física, psicológica e emocional. Pois ela ajuda
a relaxar e promove uma sensação de bem-estar de forma direta. “A música,
quando é relaxante para a pessoa, ajuda muito a combater não somente o
estresse, mas também angústia, depressão e insônia, pois faz com que o cérebro
libere endorfinas e serotoninas, proporcionando
prazer e sensação de bem-estar”, explica Cláudia Murakami, pedagoga e musicoterapeuta
da Vita Clínica.
Além
disso, um estudo realizado pela Cleveland Clinic Foundation, nos Estados
Unidos, também mostra a eficácia da música contra a dor: ela pode ter efeitos
benéficos no tratamento de dores crônicas, mais comuns nos estágios avançados
do Mal de Alzheimer, por exemplo. Os cientistas testaram a utilização da música
em 60 voluntários. O índice daqueles que sentiam depressão em consequência da
dor crônica diminuiu consideravelmente: 25%. Outros estudos também apontam que
a música reduz consideravelmente o período de internação de crianças na unidade
de terapia intensiva (UTI).
Outro
estudo, publicado pela American Society of Hypertension, apontou que a música pode baixar a pressão arterial e o ritmo cardíaco, o que poderia trazer outros benefícios além do relaxamento, como ajudar no tratamento de hipertensos e atuar na prevenção de doenças cardiovasculares.
Apesar
do fato de que ouvir música é prazeroso e relaxante, é importante frisar que
não dá pra fazer musicoterapia sozinho em casa, e deve ser acompanhada com o
trabalho com um profissional. “Só um musicoterapeuta pode conduzir uma sessão
de musicoterapia, senão será apenas uma recreação com música. Nossa formação é
voltada para que tenhamos todas as ferramentas teóricas e práticas para
desenvolver este trabalho”, enfatiza Magali Dias, secretária geral da União Brasileira de Associações de Musicoterapia-UBAM.
Ajuda a trabalhar em equipe
Em situações
cotidianas, quando duas ou mais pessoas atuam em sincronia, dizemos que estão
“afinadas”, no mesmo “ritmo” e “compasso”. Sempre que desejamos avaliar a ação
complementar de duas ou mais pessoas em uma atividade, recorremos a uma série
de referências ligadas à música, pois esta talvez seja a matéria que melhor
representa a perfeição do trabalho em equipe. Quando estamos tocando, exceto
nos estudos pessoais, ou em um solo, não estamos sozinhos. Normalmente, estamos
numa banda, orquestra, ou outro grupo musical, onde há pessoas diferentes, com
pensamentos e funções diferentes, mas com um objetivo em comum: fazer música. E
esse objetivo só poderá ser alcançado se cada integrante cumprir a sua parte
com exatidão, sabendo respeitar e valorizar a participação do outro, e assim, o resultado final do reconhecimento consagra o sucesso daquela união, e de um bom trabalho em equipe.
É uma área que dá dinheiro
Assim
como qualquer outra área. O que vai fazer com que você ganhe com isso é a
dedicação, o empenho e a determinação em buscar o seu espaço nessa área,
inovando, aprendendo, arriscando. Ficar com a mente fechada apenas para o
instrumento que você toca, certamente não vai lhe ajudar a ganhar dinheiro. Há quatro
meios básicos para conseguir dinheiro com música:
- Dando
aulas de música, sejam teóricas ou práticas;
- Ser um músico que toca em estúdios, ou se tornando dono de um estúdio;
- Ser um músico
que toca para artistas, de média ou grande fama;
- Ter um pouco de sorte em conseguir contatos e lugares para tocar, como bares, restaurantes,
etc;
P.S:
Não paute sua motivação em aprender e tocar um instrumento apenas no dinheiro.
Busque, antes de tudo, satisfação pessoal em tocar, pois se for baseada apenas
no dinheiro, todo o prazer desta atividade irá por água a baixo, pois é uma
área tão ou mais concorrida como as outras, especialmente porque não é um
diploma que fará você ter lugares para mostrar seu serviço, mas sim o seu
talento, seu empenho, e um pouco de sorte também.
É um ótimo hobby
Muitos
não se interessam pela música, pois de certa forma, sabem que é uma área bem
difícil de conseguir sustento, e nem todos possuem pretensão de ser grandes
músicos. Mas não é motivo para que o aprendizado de um instrumento seja
descartado. É uma ótima forma de entretenimento, lazer e autogratificação, seja
com os amigos, com a família, ou mesmo como um evento cultural. Fazer música
consciente disso é algo muito prazeroso, assim como viver desta arte.
E finalmente, encontre o seu motivo
Dizem
que a Música nasceu para todos, mas nem todos nasceram para a música.
Analisando esta ideia, vemos que ela parte do pressuposto de que, fazer música
é necessariamente tocar bem, ter um dom, um grande talento, etc. Mas essa ideia
perde completamente a base se, este que “nasceu para a música” não se esforçar
para melhorar, evoluir musicalmente, e não tiver o SEU motivo para isso. O que
nos leva a concluir que, aprender ou não algo, é uma escolha inteiramente
pessoal, principalmente na música. Essa escolha não deve ser feita por “pressão
social”, ou por motivos rasos, como “achar bonito”. Se feita dessa forma, o
único resultado que obterá é frustração. Portanto, se quer realmente tocar,
reflita consigo mesmo sobre o porquê disso, e tenha essa convicção bem clara,
pois ela se faz presente em diferentes áreas da sociedade. Inúmeros agentes das
práticas musicais, sejam eles profissionais, empresários ou somente amantes da
música, estão aí pra mostrar a força da música e o seu poder de comunicação,
sociabilização e união. Resta a você fazer a sua escolha.
Dicas extras
Todos
os motivos aqui colocados são úteis. Caso tenha interesse em começar a praticar
música, seja por hobby ou profissionalmente, buscando todos os efeitos
benéficos de forma regular, é necessário que se construa um hábito musical. E
para construí-lo, são necessárias algumas coisas:
- Procurar
um local adequado para praticar seu instrumento, seja ele qual for. Um lugar
que não possua muitas distrações que possam lhe desconcentrar, e
principalmente, que não incomode a família e os vizinhos;
- Procurar
um horário que não comprometa os seus afazeres do dia, para que assim não haja
problemas que possam o atrapalhar na execução, de preferência, pela noite,
pois, é a hora em que pode estar bastante estressado, e o ato de tocar pode
trazer calmaria, além de ser um momento próximo ao de dormir, para a maioria
das pessoas, onde a prática poderá ficar mais consolidada no cérebro;
- Começar
com um tempo curto (15 min diários, por exemplo), e ir aumentando este tempo
gradativamente, à medida que se sentir mais confiante e confortável;
- Além
da prática, quando possível, dividir um pouco deste tempo para ler coisas
relacionadas a seu instrumento ou mesmo à teoria musical, a fim de expandir
cada vez mais os seus conteúdos;
- E o
mais importante: ao final do estudo, sempre se dê uma recompensa, seja
assistindo seu seriado favorito, ou comendo algo que adore. Fazendo isso,
estará condicionando seu cérebro a manter esse hábito cada vez mais forte. E
quando se der conta, já estará fazendo isso com o único intuito de se realizar
pessoalmente.
"A música, está em tudo ao nosso redor.
Tudo o que temos que fazer é ouvir."
August Rush, O Som do Coração
August Rush, O Som do Coração
Referências: