Conheça Titina Silá, militante combatente da Guiné Bissau


De seu nome verdadeiro Ernestina Silá,(Titina Silá) foi uma combatente e formadora de milícias, que embora morrendo jovem, conseguiu fazer a diferença e cativar todos aqueles que a conheceram. 

Titina se juntou aos combatentes africanos ainda muito jovem, aos 18 anos, e se tornou pela sua inteligência e coragem, a ponta de lança do movimento que tinha como um dos organizadores Amílcar Cabral. Por mais de uma vez ela saiu do país para se preparar para ajudar o seu povo na luta pela busca da dignidade humana e liberdade, ela sempre voltava. Devido as suas capacidades de organização e liderança, se torna uma das figuras chaves da revolução guineense. Era ela quem dirigia a Norte o Comité da Milícia Popular e que tinha como missão organizar a passagem de pessoas e mercadorias nas cambanças do rio Cacheu, de vital importância para o abastecimento das tropas de resistência.

No ano de 1973 o líder do PAIGC Amilcar Cabral é assassinado em Guiné-Conakri, país vizinho, Titina Silá perde desta forma o seu mentor e amigo, assim como os povos de Guiné-Bissau e cabo-verde que perdem o seu lider, o homem e irmao que lutou e morreu para que todos eles pudessem viver em liberdade, uma semana depois do trágico acontecimento no dia 30 janeiro ainda abalada com o sentimento de perda, Titina parte chefiando um grupo pequeno de combatentes numa canôa com o propósito de assistir o funeral do irmão e companheiro de luta Amilcar Cabral a Guiné-Conakri quando se viu presa numa emboscada montada pelas tropas portuguesas no rio Farim no Norte da Guiné Bissau e a seguir morta por afogamento pelos mesmos, a dor indescritível daquele povo com certeza mora na memória dos mais velhos ainda hoje, num único mês Guiné-Bissau experienciou a dor de uma mãe que perde os filhos, duas figuras africanas exemplos de justiça e igualdade entre os seres humanos, pessoas simples e afáveis, Titina dedicou os seus poucos anos de vida na luta por todos estes valores e principalmente pelos direitos dum povo decidir o seu próprio destino no pedaço de terra que Deus lhe deu, com esperança de um dia ver seu povo libertar-se das correntes da exploração do império português, muitos concordarão que a Titina como lutadora incansável e com a famosa capacidade de organização e liderança que tantos elogios e admiração lhe valeram deve ter partido com sensação do dever não cumprido ou pelo menos não completo, mas o que ela não sabia foi que os anos de luta nas matas da Guiné e o sacrifício na gélida União Soviética em prol da formação dos jovens e do partido PAIGC dariam frutos mais tarde, com a vitória dos combatentes guineenses e a expulsão dos portugueses mais tarde, Titina teve a sua quota bem paga numa vitória que apesar de ser de todos os intervenientes como ela numa guerra pelo que é correto também foi a vitória prometida pelo Amilcar Cabral ao seu povo.

Tal como muitas outras combatentes do PAIGC, que deram a vida pela independência do país, também Ernestina não viveu o suficiente para ver este sonho concretizado.

Ao exemplo das grandes mulheres que a antecederam desde Grécia Antiga ao Egito, Titina lutou e morreu pelo que acreditava e amava, onde quer que esteja ela reunido com o seu amigo, irmão e mentor Amilcar Cabral ,é provável que estarão a travar outras guerras lado a lado pelo que é o mais correto, porque uma lutadora será sempre uma lutadora.

Viva Titina Silá

* PAIGC era um partido de orientação marxista lenista fundado em 19 de novembro de1956 por Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, Júlio de Almeida, Fernando Fortes, Elisée Turpin e Rafael Barbosa. Ele também lutou lado a lado com a FRELIMO pela libertação das colônias portuguesas na África.
*A foto é de Titina com a sua filha, símbolo da emancipação feminina guineense. Mãe, professora, socorrista e guerreira.
*Em homenagem a ela e a outras guerrilheiras que deram a vida pela causa, foi erguido uma estátua em homenagem a ela na cidade que ficava próxima ao rio em que fora assassinada.
*Dia 30 de janeiro criou-se o feriado da mulher guineense em homenagem ao exemplo que Titina foi em vida.
*Titina fazia parte também da UDEMU - União Democrática das Mulheres da Guiné e de Cabo Verde. Criada em 1961, cuja finalidade foi a consciencialização e a preparação política e ideológica das mulheres, bem como o desenvolvimento de uma ação diplomática no sentido da captação de recursos materiais e financeiros para a luta armada, pode ser considerada como uma das principais estratégias de emancipação postas em prática pelo PAIGC.


Créditos a Leandro Augusto .


Acervo Crítico sempre abre espaços para colunas de Opinião para nossos seguidores e leitores. Caso queiram contribuir, entrem em contato conosco!

2 Comentários

  1. Queria saber um pouco sobre a filha de Titina.

    ResponderExcluir
  2. Que emocionante rever essa história! Gratidão as mulheres que deram a vida pelo país Guiné-Bissau em especial eterna amada Titina

    ResponderExcluir
Postagem Anterior Próxima Postagem