O Grande Lebowski (1999) Irmãos Coen. |
Nos filmes dos irmãos Coen volta e meia tem uma citação de algum revolucionário, nem que seja por meio de easter egg, até mesmo num filme de aparência de puro entretenimento, voilà, um Lênin é dito, como pode ser visto em O Grande Lebowski (1999). Assim, também percebi nos filmes do Michael Mann, bem como percebido em Tuoto, quando acerta: é um cineasta político. Então, em suas obras sempre encontra uma espécie de anarquismo, como o protagonista de The Insider (1999) diz: Marcuse foi meu mentor.
O que é sabido, Nolan teve sua influência cinematográfica do Michael Mann*, isso fica explícito, tanto nas filmagens, quanto nos personagens. O Coringa de Ledger está ali, entre os filmes: Heat (1995), The Insider e Thief (1981), porém Heath Ledger teve um salto qualitativo em sua atuação, claro, outros tempos, em 2008, o grande vilão não era as instituições americanas, ou um mal do tempo, mas sim a crise capitalista de 2007-8, o anarquismo de Ledger deveria ser mais duro. Em Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008) há cenas quase que emuladas de Heat, tanto na perseguição de gato e rato entre Batman e Coringa quanto nos diálogos, em Heat o policial e o ladrão dizem entre si: eu não sei ser outra coisa se não isso, um roubar e o outro prender ladrões; em Batman do Nolan, Coringa diz para Batman; você me completa, de certa forma em Heat na cena final isso também é notado, mesmo o policial tendo pego o ladrão eles dão as mãos, a unidade está ali: o que seria do policial sem o ladrão e vice-versa?
E Heat tem certamente o filme Bullitt (1968) como referência, cujas as cenas finais de Heat e Bullitt são quase as mesmas. A preocupação do protagonista em ter sua vida amorosa pessoal afetada pelo trabalho policial, isso está em Heat tanto com De Niro quanto em Al Pacino, Michael Mann explorou mais.
Retomando a marca de Mann, o easter egg de Malcom X em Heat é quase imperceptível se não tiver alguma atenção nos cenários (lembrando que Malcom X também está em seu filme sobre a vida de Muhammad Ali (2001)). O último filme de Mann, Blackhat (2015) tudo fica mais claro, o ciberativismo, como na política real, em que Obama autorizou espionar e sabotar uma usina nuclear no Irã**, em Blackhat isso acontece com a China, mas tudo muito plasmado, se o público não souber desses detalhes na história recente ele fica perdido no tempo-espaço.
Hail Ceasar! (2016) Irmãos Coen. |
Voltando ao início do texto, os irmãos Coen tem sua resposta a essas questões em sua penúltima obra, Hail Ceasar! (2016), ambientado na era das perseguições macarthistas, os cineastas no filme debatem o que é dialética e revelam; fazíamos filmes com conteúdo comunista escondido. Aqui seria uma sátira, ou um espectro vermelho que realmente rondava os cineastas e roteiristas de época? De fato houve diversos comunistas roteiristas e cineastas, podemos ver isso em Trumbo (2015), embora, não era uma ameaça gigante que a perseguição anticomunista pintava. No fim o cinema é isso, sutilezas.
Por Fernando Pereira - graduando em Filosofia pela PUC-MG
Notas:
*
Influências visuais do Michael Mann em O Cavaleiro das Trevas: https://vimeo.com/202319353
** https://olhardigital.com.br/fique_seguro/noticia/jornal-norte-americano-afirma-que-obama-ordenou-a-criacao-do-virus-stuxnet/26621
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