Publicado no site Mistérios
do Universo
Translated by Felipe
Sérvulo – mestre em Cosmologia pela UFPB
Publicado originalmente em Science Alert.
Ninguém
ainda conseguiu viajar no tempo - pelo menos até onde sabemos - mas a questão
de saber se tal façanha seria ou não teoricamente possível continua a fascinar
os cientistas.
Como mostram filmes
como O Exterminador do Futuro, Donnie
Darko, De
Volta para o Futuro e muitos outros [filmes], mover-se no
tempo cria muitos problemas para as regras fundamentais do Universo: se você
voltar no tempo e impedir que seus pais se encontrem, por exemplo, como você
pode existir para voltar no tempo?
É um
arranha-céus monumental conhecido como o 'paradoxo
do avô', mas em setembro do ano passado, o estudante de Física Germain
Tobar, da Universidade de Queensland, na Austrália, disse que descobriu como
"quadrar os números" para tornar a viagem no tempo viável sem os
paradoxos.
"A dinâmica clássica diz que se você
conhece o estado de um sistema em um determinado momento, isso pode nos contar
toda a história do sistema", disse
Tobar em setembro de 2020.
"No entanto, a teoria da Relatividade
Geral de Einstein prevê a existência de loops de tempo ou viagens
no tempo - onde um evento pode estar tanto no passado quanto no futuro de si
mesmo - teoricamente virando o estudo da dinâmica de ponta-cabeça."
O que os
cálculos mostram é que o espaço-tempo pode potencialmente se adaptar para
evitar paradoxos.
Para usar
um exemplo tópico, imagine um viajante do tempo viajando ao passado para
impedir que uma doença se espalhe - se a missão fosse bem-sucedida, o viajante
do tempo não teria doença para voltar no tempo para derrotar.
O trabalho
de Tobar sugere que a doença ainda escaparia de alguma outra forma, por uma via
diferente ou por um método diferente, removendo o paradoxo. O que
quer que o viajante do tempo fizesse, a doença não parava.
O trabalho de Tobar não é fácil de ser
explorado por não-matemáticos, mas examina a influência de processos determinísticos (sem
qualquer aleatoriedade) em um número arbitrário de regiões no contínuo
espaço-tempo e demonstra como ambas as curvas fechadas do tipo tempo (como
previsto por Einstein) pode se enquadrar nas regras do livre arbítrio e da
física clássica.
"A matemática confere - e os
resultados são matéria de ficção científica", disse o
físico Fabio Costa, da Universidade de
Queensland, que supervisionou a pesquisa.
Fabio Costa (à esquerda) e Germain Tobar (à direita). (Ho Vu) |
A nova pesquisa suaviza o problema com
outra hipótese, que a viagem no tempo é possível, mas que os viajantes do tempo
seriam restritos no que fizeram, para impedi-los de criar um paradoxo. Nesse
modelo, os viajantes do tempo têm a liberdade de fazer o que quiserem, mas os
paradoxos não são possíveis.
Embora os números possam funcionar,
dobrar o espaço e o tempo para voltar ao passado permanece indefinido - as
máquinas do tempo que os cientistas criaram até
agora são de conceito tão elevado que
atualmente existem apenas como cálculos em uma página.
Podemos chegar lá um dia - Stephen
Hawking certamente pensou que era possível -
e, se o fizermos, essa nova pesquisa sugere que seríamos livres para fazer tudo
o que quiséssemos com o mundo no passado: ele se reajustaria de acordo.
“Por mais que tente criar um paradoxo, os
acontecimentos sempre se ajustam, para evitar qualquer inconsistência”, diz Costa . "A
gama de processos matemáticos que descobrimos mostra que viajar no tempo com
livre arbítrio é logicamente possível em nosso universo sem qualquer paradoxo."
A pesquisa foi publicada na Classical and Quantum Gravity.