Por
Wesley Sousa (UFSJ-BR) e João Freitas (Universidade do Porto -PT)
É
com muito pesar que fazemos esta nota acerca do recente acontecido com o
historiador italiano Domenico Losurdo, professor da Universidade de Urbino, na
Itália. Na manhã desta quinta-feira (28), o mundo perdeu um de seus grandes
pensadores. O filósofo e historiador Domenico Losurdo morreu na Itália aos 77
anos.
A nota que se segue não tem por intento a discussão pormenorizada de sua teoria e obra; talvez noutro momento o façamos isso. Vale registrar.
Losurdo
foi um guerreiro intelectual, de produção teórica inestimável. Tido por muitos
como um dos “maiores marxistas vivos até então”, nos legou que a história nunca
pode ser falsificada, que os trabalhadores têm de estarem sempre na retaguarda
de sua jornada para um mundo transformado por suas próprias mãos.
O
mundo com certeza ficou menos vermelho com a morte de Losurdo; assim como foi
com a morte de Mèszàros ano passado. Entretanto, se mantém acessa a chama da
liberdade. Losurdo é, como outros de nosso tempo, um dos poucos que podem ser enquadrados
no que dizia Hegel, “Nenhum homem pode estar a frente do seu tempo, mas ele
pode ser o melhor de seu tempo”.
Compreendeu
perfeitamente o papel que os intelectuais desempenham na “luta pela Memória”,
procurando defender sem hesitação o legado revolucionário de Outubro e da sua
importância como movimento emancipatório de todos os seres humanos (homens e mulheres),
do seu modelo inspirador nas lutas de libertação do jugo colonial e
imperialista, da sua luta contra o nazi-fascismo e a exploração do homem pelo
homem.
Produziu
uma vasta obra literária, de entre as quais se destacam: “Fuga da História?”; “Luta de Classes – uma História Política e
Filosófica”; “Stalin – História Crítica de uma Lenda Negra” e “Contra-História
do Liberalismo”. Esta última obra citada, a Contra-história do Liberalismo, narrou a história da doutrina triunfante no sistema burguês e suas contradições e seu caráter moral e epistêmico tanto de seus mentores quanto de seus efeitos em nossa sociedade moderna.
Durante
toda a sua produção teórica, não só definiu, como atacou o caráter irracional
da racionalidade estabelecida. Sendo um pensador radical, tal como Marx
definira, indo à raiz das questões, não ficando por juízos superficiais ou
explicações idealistas.
Intelectuais
e pensadores de diversas partes do mundo estão publicando mensagens em
homenagem ao filósofo que dedicou a vida ao pensamento marxista e à militância
comunista. A nós aqui do blog através de Wesley Sousa (Filosofia) e João
Freitas (História), deixamos aqui nosso registro que, para enxergarmos mais
longe, precisamos estar em ombros de gigantes – e Losurdo foi um gigante à luta
pela racionalidade, emancipação humana.
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